A família do cidadão Geraldo Liondjanga Prego (na foto), bancário de profissão e arguido no conhecido caso Lussati, denuncia que, apesar de ter recebido ordem de soltura desde o dia 15 de Julho de 2025, o mesmo continua detido na Comarca de Viana, em Luanda, alegadamente por pressões de uma rede de extorsão ligada ao gabinete do Presidente demissionário do Tribunal Supremo, Joel Leonardo. Segundo os familiares, elementos dessa rede estariam a exigir 10 milhões de kwanzas como condição para libertar o ex-réu.
Geraldo Prego foi condenado a quatro anos de prisão, após ser identificado como o bancário que prestava assistência ao grupo de Pedro Lussati, facilitando levantamentos bancários. De todos os arguidos, foi o que recebeu a pena mais branda. Um documento assinado pelos juízes desembargadores em 16 de Junho de 2023 estabelece que Prego não responderá solidariamente pelos prejuízos causados ao Estado, devendo apenas restituir o valor específico que recebeu indevidamente.
“O réu Geraldo Liondjanga Prego teve a sua condenação confirmada, mas, quanto às indemnizações, o tribunal decidiu que ele não pagará solidariamente com os outros réus todo o prejuízo causado ao Estado. Em vez disso, terá de restituir apenas o montante individualmente apurado como indevidamente apropriado por si”, lê-se num parecer jurídico sobre o caso.
Segundo fontes familiares, a retenção ilegal de Geraldo Prego estaria a ser orquestrada por elementos ligados à cúpula de Joel Leonardo, que teriam reencaminhado o caso para outro juiz, evitando o envolvimento directo do advogado Carlos Salonbongo, primo de Leonardo, por já ser uma figura exposta em denúncias anteriores.
O processo esteve sob responsabilidade do juiz Daniel Modesto, também apontado como familiar de Joel Leonardo, o que levanta suspeitas sobre conflito de interesses e instrumentalização da justiça.
Desde o auto-afastamento de Joel Leonardo da presidência do Tribunal Supremo, têm surgido várias denúncias sobre a existência de uma rede de tráfico de sentença, que alegadamente cobrava património, bens e dinheiro aos arguidos em troca de liberdade, descongelamento de contas bancárias e restituição de bens apreendidos.
Além de Joel Leonardo e Daniel Modesto, é também citado o nome do juiz José Carlos Sequeira, do Tribunal da Relação. Testemunhas mencionam ainda um intermediário identificado como “Dr. Miguel”, que teria negociado com vários réus através do número telefónico 925 298 828 (tel:925%20298%20828).
A família de Geraldo Prego exige que as autoridades competentes investiguem a rede de extorsão e cumpram a decisão judicial de soltura, alertando para o risco de descredibilização do sistema judicial angolano. O caso reacende o debate sobre transparência, independência judicial e combate à corrupção institucional.
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