Está cada vez mais difícil viajar em Angola e quem perde é a economia

Está difícil viajar em Angola. Eu diria mesmo que está cada vez mais difícil viajar em Angola. Sobretudo longas distâncias.

A rede rodoviária é curta, ou pelo menos não é muito extensa, e apresenta-se fortemente degradada, sendo completamente desaconselhável viajar durante o período noturno.

A oferta em termos de caminhos de ferro também é muito curta. Há fundamentalmente três linhas.

Uma no norte, de Luanda a Malanje. Uma ao centro, rasgando o país do mar ao leste. E uma ao sul.

Mas nenhuma destas três linhas está ligada. Resta, por isso, o transporte aéreo. E no transporte aéreo também temos que as capitais não estão ligadas.

As ligações fazem-se fundamentalmente a partir de Luanda. Podemos viajar de Luanda para as diferentes capitais provinciais, mas as províncias não estão ligadas entre si por avião. Há poucas frequências e o serviço também deixa muito a desejar. Isso porque quem basicamente assegura o serviço de transporte aéreo é a TAAG, que praticamente tem um monopólio.

As empresas privadas não têm voos regulares entre as províncias. É muito difícil entrar porque a TAG, que é a companhia aérea de bandeira, que pertence ao governo, é altamente protegida.

Com o monopólio, sabemos da economia, há menos oferta e preços mais elevados. E é exatamente aquilo que acontece em Angola com o transporte aéreo e com a TAAG em que o serviço também é muito mau, com alterações frequentes dos horários, cancelamentos de voos em cima da hora.

E foi precisamente isso que me aconteceu esta semana, em que uma conferência de duas horas à terça-feira no Cuito, capital do Bié, para vir a essa conferência na terça-feira perco três dias, necessito de três dias.

E como houve um cancelamento do voo, precisarei de quatro dias para fazer um trabalho que demora duas horas e isso muito graças ao mau serviço e à pouca eficiência da TAAG.

Como sabemos, a mobilidade quer de pessoas quer de mercadorias é fundamental para o funcionamento de uma economia. Quando não há mobilidade, a economia ressente-se e ressente-se muito.

É o caso, é isso exatamente que está acontecendo em Angola, em que a mobilidade de pessoas e mercadorias está difícil, eu diria mesmo, como comecei, está cada vez mais difícil.

Carlos Rosado de Carvalho (In RDP África)

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