O NJ divulga a pesquisa da Angola Open Policy Initiative (AOPI) sobre viagens oficiais para o exterior do Presidente João Lourenço durante o período de Setembro de 2017 a Maio de 2025. Um total de 112 viagens para 46 países, 357 dias fora do País e 8.568 horas em deslocações.
1. Contexto da Investigação Colaboração Estratégica
A investigação contou com a colaboração da Angola Open Policy Initiative (AOPI) e de uma equipa composta por seis investigadores a tempo inteiro, especializados em temas socioeconómicos angolanos. Hélder Preza e Olívio N’Kilumbu, dois dos principais analistas, integraram o projecto com o objectivoo de avaliar a qualidade da despesa pública em Angola.
Ambos os investigadores têm trabalhado com a AOPI desde 2013 по programa “Ritmo Económico”, no qual analisam políticas públicas e desafios económicos, contribuindo para um debate mais informado e crítico sobre a gestão dos recursos do País.
Angola enfrenta receitas em declínio e défices fiscais persistentes há mais de uma década, agravados por uma má alocação de fundos públicos. Neste contexto, Hélder Preza e ON” Kilumbu concentraram-se nas despesas com as viagens do Presidente da República, contrastando-as com as promessas feitas por João Lourenço desde 2017:
“Vamos apostar mais na diplomacia ao serviço da economia, que atraia o investimento privado estrangeiro, o turismo, e explore mercados para a entrada dos nossos produtos exportáveis”.
– João Lourenço, discurso do Estado da Nação, Outubro de 2018
Ponto de Partida: Promessas vs. Realidade
Promessa (2018): Atrair USD 10 mil milhões em investimento estrangeiro através da “diplomacia económica”.
Realidade (2025):
Saldo negativo de IDE: -USD 2 mil milhões (2023).
Sector não-petrolífero recebeu apenas USD 124 milhões (0,015% da meta).
Apesar das inúmeras viagens internacionais de Lourenço – incluindo visitas de Estado à África do Sul, Namíbia, EUA, França, China, Rússia e Emirados Árabes Unidos, para além de participações em fóruns como Davos, BRICS e a ONU -, os resultados económicos têm sido modestos ou negativos.
“Os ganhos desta dinâmica diplomática nem sempre são imediatos nem mensuráveis. Não nos anima apenas a ideia de garantir novas linhas de financiamento, até porque temos noção do quanto o País está endividado. Os ganhos estão para além disso, estão nas parcerias estratégicas que se estabelecem”.
– João Lourenço, discurso do Estado da Nação, 2019
Contudo, os dados mostram que essas “parcerias estratégicas” não se traduziram em investimento tangível. Pelo contrário:
Contínua fuga de capitais: Em 2023, entraram USD 8 mil milhões em IDE, mas saíram USD 10 mil milhões, gerando um saldo negativo de USD 2 mil milhões.
Sector não-petrolífero abandonado: Apenas USD 124 milhões em investimento directo (2023), um valor praticamente irrelevante para a economia nacional.
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