Caxito – A Procuradoria-Geral da República (PGR) do Bengo emitiu um mandado de detenção contra o o ativista angolano Timóteo António Pinto João, de 46 anos, por suspeita de crimes de ameaça, fabrico, tráfico e posse de armas e munições proibidas. A detenção, realizada a 12 de agosto, surge após uma série de denúncias de Timóteo contra a atuação de autoridades e de um general reformado da Presidência, a quem acusa de tentar apoderar-se das suas terras.
Segundo a certidão positiva, assinada pelos captores, a detenção foi feita no município do Dande. O mandado, emitido pelo procurador Arcanjo Ngafino, tem por base os artigos 170.º e 279.º do Código Penal.
Em declarações antes de ser detido, Timóteo António Pinto João, que se identifica como consultor de multimédia, apresentou uma versão que liga a sua detenção a uma disputa por terras. Segundo ele, a sua família possui uma fazenda legalizada desde 1978, no Cabungo-Ibendua. Em 2005, um suposto general reformado da Presidência, Manuel de Carvalho, teria colocado um contentor na propriedade e, 20 anos depois, reivindicou metade da fazenda, mesmo com documentos que, segundo Timóteo, correspondem a uma zona diferente.
Timóteo afirma que as queixas apresentadas pelo seu pai no SIC do Bengo não foram levadas a sério, ao contrário de outras, apresentadas pelo “general”, que tiveram um seguimento rápido. A detenção de Timóteo, que é o filho encarregado da gestão da propriedade, teria como objetivo afastá-lo para facilitar a apropriação das terras.
Acusações e incredulidade na justiça
Timóteo João detalhou ainda que o procurador Arcanjo Ngafino, em conjunto com o diretor comunal da fiscalização do Dande, Daniel Segunda, e outros elementos do SIC e do IGCA, teriam feito a divisão da fazenda sem nunca o notificar.
O mandado de detenção, que o acusa de ameaça com arma de fogo, surge depois de Timóteo ter ido ao local da disputa na companhia de um soba (autoridade tradicional) e de outras quatro pessoas para procurar o “general”, que não estava presente. Na altura da detenção, porém, a acusação já incluía crimes de “tráfico, ameaças e fabrico de munições proibidas”.
Em seu depoimento, Timóteo expressou a sua desconfiança nas instituições de justiça, que considera estarem a ser usadas para fins pessoais. “Estão a tentar agora, e desconfio que por causa da situação do país, me colocar como terrorista e junto dos supostos russos e assim apoderarem-se dos nossos espaços para venderem”, afirmou, referindo-se a um esquema de “máfia das terras” no Bengo.
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