Pastor da igreja “Jeová Shamah” burla de mais de 20 milhões de kwanzas com promessas de enquadramento no SIC

António Carlos Menezes, identificado como pastor da Igreja Assembleia de Deus Pentecostal “Jeová Shamah”, no município da Maianga, e que também se apresenta como agente de terceira classe do Serviço de Investigação Criminal (SIC-Geral), está a ser acusado de burla a diversos cidadãos, alegadamente com promessas de inserção no referido órgão. Estima-se que os prejuízos ultrapassem os 20 milhões de kwanzas.

Segundo o Na Mira do Crime, uma das vítimas, Gonçalves Kuanzambi Manuel, contou que o caso teve início em julho de 2024, quando conheceu o acusado durante um encontro informal num restaurante localizado na Centralidade do Kilamba.

Na ocasião, Menezes terá afirmado possuir influência no SIC-Geral, garantindo capacidade para facilitar admissões naquele órgão mediante o pagamento de dois milhões de kwanzas por candidato.

“Estava à procura de uma oportunidade no Ministério do Interior. Como ele se apresentava como homem de Deus, acreditei. Transferi o valor solicitado e esperei pela concretização da promessa”, declarou a vítima.

Para reforçar a credibilidade da proposta, Menezes chegou a levar algumas vítimas às instalações do SIC-Geral, onde se apresentou como efectivo do órgão e foi recebido por supostos colegas.

“Vi o colete dele no carro, e ao chegarmos ao SIC, fomos bem acolhidos por indivíduos que ele dizia serem colegas de trabalho”, recorda Kuanzambi.

No entanto, passados alguns meses, surgiram indícios de fraude. “Ele passou a marcar encontros em restaurantes para acalmar as pessoas com promessas vagas. Nestes encontros estavam presentes várias vítimas, ultrapassando as duas dezenas. Foi aí que percebi que estávamos diante de uma burla organizada.”

Outro lesado, Albano Joaquim Capitango, relatou ter entregue 1,4 milhões de kwanzas e recebido de volta apenas 500 mil, sem que a promessa tivesse sido cumprida.

Contactado pelo Na Mira do Crime, António Menezes reconheceu ter recebido valores com o intuito de “ajudar algumas pessoas”, incluindo familiares, mas alegou também ter sido enganado por um amigo que servia de intermediário.

“Nunca tive intenção de prejudicar ninguém. Apenas fui ponte. Estou aberto a negociações para devolver os valores, porque sou servo de Deus e não pratico tais actos”, defendeu-se.

Sabe-se ainda que uma das vítimas apresentou queixa junto à Inspecção-Geral da Administração do Estado (IGAE) no dia 27 de Abril, aguardando pelos devidos trâmites legais.

Imparcial Press

Voltar ao topo