ONGs pedem à ONU investigação urgente sobre massacre em Angola de julho de 2025

Luanda — Um conjunto de organizações angolanas e internacionais de direitos humanos enviou, em 23 de setembro, uma carta aberta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pedindo o envio urgente de uma Missão Internacional Independente de Apuração de Factos para investigar o massacre ocorrido em Angola entre 28 e 30 de julho de 2025.

Segundo os signatários — entre eles Friends of Angola, Omunga, Mudei, Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) e Handeka —, forças de segurança angolanas reprimiram de forma violenta manifestações pacíficas contra o aumento do preço dos combustíveis, resultando em pelo menos 30 mortos, mais de 177 feridos e cerca de 1.500 detenções arbitrárias. As organizações denunciam o uso de munições reais contra civis desarmados, casos de tortura, desaparecimentos forçados e violência sexual durante as detenções.

Os subscritores alertam que os atos descritos podem configurar crimes contra a humanidade e apontam a falta de mecanismos internos de responsabilização e a não adesão de Angola ao Tribunal Penal Internacional como barreiras à justiça. Por isso, defendem que a criação de uma missão de apuração pela ONU é “o único caminho viável para garantir verdade, justiça e reparação às vítimas”.

A carta recorda ainda precedentes recentes da ONU em países como Sudão, Myanmar e Síria, e cita declarações do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), que já havia expressado preocupação com o uso de força letal contra manifestantes em Angola. Os autores pedem ação urgente para preservar provas, proteger testemunhas e evitar novas violações, reforçando que “a história julgará se as Nações Unidas cumpriram seu compromisso com a dignidade humana e o Estado de Direito”.

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