Decorriam os últimos preparativos para o acto de posse dos deputados da actual legislatura, e num debate sabatino do programa O ESTADO DA NAÇÃO, na MFM, afirmei que, quer FERNANDO DA PIEDADE DIAS DOS SANTOS ‘NANDÓ’, quer BORNITO DE SOUSA, não deveriam ser figurantes da Bancada Parlamentar do MPLA, na Assembleia Nacional, por respeito ao percurso político de ambos.
Justifiquei, porque considerei-os figuras relevantes como eventuais candidatos quer para a presidência do MPLA, quer na corrida à cadeira da Presidência da República. Não sei se me ouviram, ou se, apenas por mera coincidência, quer um quer outro abdicaram. Uma decisão que elevou o meu respeito pelos dois.
Infelizmente, a morte não lhe concedeu a oportunidade de ver este “filme” até ao fim, ficando também em nós algumas dúvidas: o que seria de Angola, se em vez de João Lourenço, José Eduardo dos Santos tivesse optado por Nandó? Foi uma figura que, apesar dos pesares que são os pesares de todos eles (não há nenhum que seja mãos limpas) e por arrasto a má figura de alguns rebentos, era pacifista, tinha uma relação de profundo respeito pelos adversários políticos, com a sociedade e não tinha essa cultura de perseguição. Teria condição de mudar o Sistema? E como seria o tal Congresso do MPLA, se apoiado pelos “mais-velhos” e por todos os que estão cansados da bagunça de quem é presidente, apoiassem a sua candidatura?
Uma vez mais, a morte, na sua imprevisibilidade, foi sacana! Mas se existe mesmo outra dimensão para lá dessa vida terrena, em conversa com o ex-Presidente José Eduardo dos Santos, não o martirize mais recordando-o que na saída, continuou a não se justo com o seu Povo. Porque depois dele, mereciamos estar melhor e não estamos. E o pior é que quem nos coloca nessa situação, acha que é o melhor e ninguém mais é capaz de ter melhor desempenho, se não for sua opção.
