Marido da ministra das Finanças envolvido em contratação polémica no BPC

Enquanto o Banco Nacional de Angola reforça directrizes para que os bancos mantenham seus dados em território nacional, o BPC entrega o seu sistema tecnológico a uma empresa estrangeira — contrariando orientações oficiais.

Luanda — Um relatório interno do Banco de Poupança e Crédito (BPC) está a gerar onda de indignação dentro e fora da instituição, ao revelar que César Armando Eusébio de Sousa, marido da ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, teria desempenhado um papel determinante na contratação de uma empresa portuguesa acusada de corrupção.

Segundo o portal Makama Vulo News, a empresa em causa, INFORMANTEM (actualmente rebatizada como BRAVANTIC), foi escolhida para assumir a gestão tecnológica e de redes do BPC, após o encerramento do antigo Departamento de Sistemas e Redes de Comunicações — uma decisão atribuída à influência directa do marido da ministra.

A operação é descrita por técnicos do banco como um “risco grave à soberania tecnológica e financeira de Angola”, já que a estrutura interna responsável pela protecção de dados sensíveis foi substituída por uma empresa estrangeira, cuja idoneidade é questionada.

De acordo com o mesmo relatório, a decisão beneficiou uma empresa com histórico de práticas duvidosas e poderá ter sido tomada sem concurso público transparente. Fontes internas do BPC garantem que o custo operacional anterior não ultrapassava 10 milhões de kwanzas, mas o valor do novo contrato permanece em sigilo.

A polémica reacende o debate sobre tráfico de influência e conflito de interesses em torno de figuras ligadas ao Executivo. Analistas questionam como o marido da ministra das Finanças pôde intervir num processo desta natureza, envolvendo uma instituição pública sob tutela do próprio governo.

Enquanto o Banco Nacional de Angola reforça directrizes para que os bancos mantenham seus dados em território nacional, o BPC entrega o seu sistema tecnológico a uma empresa estrangeira — contrariando orientações oficiais.

Até ao momento, Vera Daves e o BPC não se pronunciaram sobre o caso, mas dentro da instituição, o clima é de revolta e desconfiança.

“O banco foi capturado por interesses privados”, disse um dos técnicos afastados do departamento extinto.

Reporterangola/Makamavulo

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