O Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), João Manuel Gonçalves Lourenço, exonerou esta terça-feira o comissário de investigação criminal Armando Domingos Paulo, até então director de Administração e Finanças do Serviço de Investigação Criminal (SIC), na sequência de suspeitas de irregularidades administrativas e financeiras no órgão.
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Segundo informações apuradas pelo Imparcial Press, a exoneração ocorreu após uma investigação interna ordenada pelo actual director-geral do SIC, Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva, com o objectivo de identificar e travar práticas consideradas lesivas ao interesse público no seio da Direcção de Administração e Finanças (DAF).
Fontes próximas ao processo indicam que a investigação terá sido motivada por denúncias internas e externas que apontavam para alegados esquemas de gestão ilícita de fundos, favorecimento indevido e assédio no local de trabalho, envolvendo altos funcionários da DAF.
O nome de Armando Paulo surge no centro das alegações, sendo acusado de ter beneficiado de contratos suspeitos e de ligações a empresas privadas que, alegadamente, prestavam serviços ao próprio SIC, numa situação que poderá configurar conflito de interesses e violação de normas de probidade pública.
Documentos e testemunhos obtidos por este jornal apontam ainda que o oficial terá permanecido mais de uma década no mesmo cargo, recorrendo a práticas que, segundo fontes internas, teriam minado o ambiente disciplinar e institucional dentro do órgão.
O comissário de Investigação Criminal Armando Domingos Paulo é detentor de residências em Carregado, nos arredores de Lisboa, onde a sua família reside há mais de dois anos, alegadamente sustentada com fundos desviados do DAF do SIC.
Há também suspeitas de que tenha falsificado certificados de habilitações literárias para obter a patente de comissário, sem possuir sequer o 10.º ano de escolaridade.
Outra linha de suspeitas envolve o superintendente-chefe Diamantino Gonçalves, seu antigo colaborador directo, também citado em denúncias sobre eventual enriquecimento ilícito e posse de imóveis de valor elevado em Portugal, alegadamente sem correspondência com os rendimentos declarados.
A exoneração de Armando Paulo abre caminho para uma reestruturação mais ampla no comando do SIC, determinada pelo Chefe de Estado e concretizada pelo Ministério do Interior, que visa restabelecer a confiança e a transparência no funcionamento das estruturas de investigação criminal.
No mesmo decreto, o Presidente João Lourenço exonerou igualmente:
Elvino da Silva Quintino, do cargo de director de Inteligência Criminal;
Mário João de Almeida, do cargo de director da Unidade de Investigação Tecnológica;
Armando Domingos Capapa Agostinho, do cargo de director de Combate aos Crimes Financeiros e Fiscais.
Fontes governamentais afirmam que estas medidas fazem parte de um processo de saneamento interno e reorganização hierárquica, orientado para reforçar a disciplina, a ética e o rigor funcional nas estruturas do Serviço de Investigação Criminal.
Imparcial Press
