JL reconcilia-se com Laborinho

Luanda – O Presidente angolano, João Lourenço, reatou recentemente o contacto com o ex-ministro do Interior, Eugénio César Laborinho, que havia sido afastado do cargo há cerca de 11 meses. O distanciamento, que rompeu uma amizade de mais de 50 anos, foi motivado por suspeitas de que Laborinho estaria a facilitar ou encobrir redes de contrabando de combustível que operavam nas fronteiras do país.
Segundo apurou o Club-K, as informações que chegaram à Presidência, em um relatório considerado comprometedor, indicavam que a empresa familiar Labuta, ligada ao então ministro, estaria envolvida no transporte ilegal de combustível para a República Democrática do Congo (RDC) a partir da província do Zaire.

A exoneração de Laborinho abriu caminho para a nomeação de Manuel Homem como novo ministro do Interior, uma decisão que visava uma liderança mais conciliadora e alinhada com os serviços de segurança. Paralelamente, alguns funcionários do SME conotados com Laborinho foram perseguidos e presos por alegadas ordens de Manuel Homem.

Meses após a decisão, o Presidente Lourenço, aparentemente confuso com as informações iniciais, encomendou um novo relatório independente. O documento confirmou a existência da Labuta Transportes & Logística, associada a Eugénio César Laborinho, mas desassociou a empresa das acusações de contrabando. O relatório revelou que a Labuta tinha um contrato antigo com a Sonangol para o transporte de combustível no leste de Angola (Moxico e Lundas), contrariando as versões anteriores sobre operações na província do Zaire.

Na posse desses novos dados, João Lourenço retomou o contacto com Laborinho antes do mês de Julho, tendo inclusive homenageado o ex-ministro durante as celebrações dos 50 anos da Independência Nacional, numa cerimónia de condecoração realizada em Luanda. Um segundo encontro entre ambos estava previsto para meados de Agosto, mas foi adiado devido a uma viagem oficial do Presidente ao exterior.

Lourenço e Laborinho partilham uma amizade de mais de cinco décadas, havendo informações desencontradas sobre um possível grau de parentesco, já que ambos são naturais da província de Malanje. Essa relação também se estendeu ao mundo dos negócios, particularmente no sector de mineração. Ambos foram sócios no consórcio SOMEPA – Sociedade de Metais Preciosos de Angola, constituído em 2009 para a exploração de ouro.

A parceria, no entanto, foi desfeita em 2018, quando o Presidente Lourenço ordenou a extinção dos direitos mineiros da SOMEPA, por meio de um decreto presidencial. A decisão foi interpretada como parte da estratégia de Lourenço para se desvincular de negócios privados antes das eleições e projetar uma imagem de independência e combate à corrupção.

Club-k.net

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