O processo Sonangol voltou a colocar o Governo de João Lourenço sob intensa pressão. Em declarações recentes, a empresária Isabel dos Santos acusou o Presidente de usar o sistema judicial como ferramenta política, afirmando que a divulgação do despacho de pronúncia segue o mesmo padrão do processo de 2020, pouco antes das eleições de 2022, numa alegada tentativa de favorecer o MPLA e preparar terreno para um terceiro mandato.
Indiciada por sete crimes, Isabel afirma que o juiz de garantias ignorou provas essenciais, recusou ouvi-la e agiu “sob influência do poder político”, questionando a imparcialidade do processo. Na sua contestação, a empresária defendeu que os consultores dos projectos Sonalight e Sonaplus prestaram serviços e foram pagos, e acusou o regime de fabricar um processo com fins políticos e eleitorais.
O Tribunal Supremo já admitiu recurso, que decidirá se Isabel dos Santos será levada a julgamento ou se o caso será encerrado. Observadores consultados pela redação do Agita News afirmam que o processo evidencia uma preocupante politização da justiça, lançando dúvidas sobre a independência do sistema judicial em Angola.
O Agita News destaca ainda questões cruciais que permanecem em aberto:
– Até que ponto o sistema judicial está subordinado a interesses do Executivo?
– Quantos processos judiciais podem estar a ser utilizados como instrumentos políticos?
– O país está a assistir passivamente à preparação de um possível terceiro mandato presidencial?
Enquanto o caso se desenrola, uma certeza emerge: a intersecção entre política e justiça está sob escrutínio, e a sociedade observa atentamente os desdobramentos deste processo.
Agita News
