O Ministério da Agricultura e Florestas (MINAGRIF) assinou no passado dia 18 de Novembro, um memorando de entendimento com o Grupo Organizações Coutada do Luiana – Comércio Geral e Indústria, S.A., liderado pelo seu presidente do Conselho de Administração, general Adriano Makevela Mackenzie, para o desenvolvimento de fazendas de pecuarização em Angola.
A cerimónia ocorreu na sala de reuniões do MINAGRIF e marca o início de um projecto de grande escala que visa transformar regiões rurais em polos de conservação, turismo e inclusão socioeconómica, com forte protagonismo para ex-militares e comunidades locais.
O Grupo Coutada do Luiana, criado em 2005 no Cubango, destaca-se pela sua vocação na protecção da fauna e flora, promoção do turismo sustentável e defesa de práticas ambientais responsáveis.
Ao assumir este novo compromisso, a organização reforça a intenção de transformar estas fazendas de pecuarização – que incluem Game Farms e Game Lodges – num modelo nacional de referência, capaz de revitalizar espécies nativas, dinamizar a economia rural e abrir portas para actividades como a caça desportiva sustentável e o ecoturismo.
O general Mackenzie sublinhou que o projecto pretende integrar ex-militares e veteranos da pátria na gestão e operação das novas estruturas, garantindo-Ihes oportunidades reais de trabalho, formação e participação activa no desenvolvimento comunitário.
“Queremos construir um modelo que proteja a biodiversidade e, ao mesmo tempo, devolva dignidade às famílias rurais”, afirmou.
O memorando prevê a criação de mecanismos conjuntos entre o MINAGRIF e o grupo para fomentar o crescimento populacional de espécies selvagens, regular a exportação legal de produtos derivados da caça, criar empregos locais e impulsionar cadeias de valor ligadas ao turismo.
Durante o acto, o ministro Isaac dos Anjos destacou que Angola está em fase de regulamentação da criação e reprodução de animais da fauna nacional, alertando que a formalização do sector é fundamental para evitar práticas ilegais e garantir a rastreabilidade das operações.
O Instituto de Serviços Veterinários continuará a liderar o controle sanitário e a fiscalização das futuras fazendas.
Ao finalizar, o general Mackenzie reafirmou o compromisso de trabalhar com transparência, rigor legal e respeito pelas comunidades, considerando esta parceria “um passo decisivo para um futuro sustentável, próspero e inclusivo”.
Quem é o general Mackenzie?
O general Adriano Makevela Mackenzie, figura influente na esfera militar e empresarial angolana, construiu ao longo de mais de três décadas um percurso marcado pela transição das fileiras da UNITA para o topo das Forças Armadas Angolanas (FAA) e, posteriormente, para o centro do poder económico.
Antigo responsável pelas comunicações militares da UNITA, Mackenzie desertou do movimento em 1992, num dos períodos mais violentos da Guerra Civil, após o assassinato de dirigentes do “Galo Negro” em Luanda por forças leais ao Governo.
Detido então pelas autoridades, viria a ser integrado nas FAA ao abrigo do Protocolo de Lusaka, juntamente com parte das forças que antes comandava.
Nas FAA, ascendeu rapidamente a posições estratégicas, tendo exercido funções como Chefe da Direcção Principal de Reconhecimento e Informações e, mais tarde, Chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino do Estado Maior General, estrutura responsável pela formação militar e pela atribuição de bolsas de estudo.
Em 2018, pediu a demissão, alegando ter sido alvo de discriminação tribal por ser “um homem do Sul”, situação que classificou como ofensiva para a sua honra e identidade patriótica.
Após o seu pedido de afastamento, foi exonerado pelo Presidente João Lourenço, mas regressou pouco depois ao topo da hierarquia militar para dirigir a Direcção Principal de Planeamento e Organização do Estado-Maior General das FAA. Em Outubro de 2023, foi finalmente colocado na reforma.
Paralelamente à carreira castrense, Mackenzie tornou-se um dos mais influentes actores privados no sector diamantífero angolano. É um dos seis sócios fundadores da Lumanhe Extração Mineira, Importação e Exportação, amplamente conhecida como a “companhia dos generais”.
A Lumanhe detém ainda 15% da Sociedade Mineira do Cuango. A sua esposa, Anabela Chissende, integra o conselho da Sadisse, reforçando os laços familiares ao sector mineiro.
Actualmente, já fora da vida activa militar, Adriano Makevela Mackenzie ocupa o cargo de presidente do Conselho de Administração do Grupo Organizações Coutada do Luiana – Comércio Geral e Indústria, S. A., um dos grupos privados mais influentes na região, ligado a actividades de investimento, exploração e desenvolvimento económico no leste do país.
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