Funcionários do FADA exigem exoneração imediata de Felisbela Francisco

Funcionários do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) emitiram um manifesto público exigindo a demissão imediata da presidente do Conselho de Administração (PCA), Felisbela Francisco, acusando-a de má gestão, perseguições internas, desorganização institucional e bloqueio sistemático ao acesso dos pequenos produtores ao crédito agrícola.

O documento, já endereçado à Presidência da República, ao Ministério da Agricultura e Florestas, e à sociedade civil, denuncia o que consideram ser uma “gestão desastrosa” da actual liderança, colocando o FADA “à beira do colapso institucional” e comprometendo gravemente a missão da entidade de fomentar o desenvolvimento do sector agrícola em Angola.

“O FADA transformou-se num labirinto de incompetência, desumanidade e descaso, onde o povo angolano é tratado como inimigo, não como parceiro”, lê-se no manifesto assinado pelos funcionários enviado à redacção do Imparcial Press.

Entre as principais denúncias constam perseguição institucional, nepotismo, bloqueio a financiamentos e desorganização interna. Segundo os funcionários, há um clima de intimidação dentro da instituição, com investigações arbitrárias e cargos estratégicos ocupados por familiares e aliados próximos da PCA, em detrimento da meritocracia.

O manifesto também acusa a actual gestão de manter um processo extremamente burocrático, com menos de 15% dos projectos efectivamente desembolsados, e refere casos concretos de camponeses que sacrificaram os seus meios de subsistência para tentar obter apoio junto do FADA, mas sem sucesso.

Um dos relatos menciona Dona Maria, de 58 anos, que vendeu duas cabras para custear a viagem até Luanda, e regressou a casa sem conseguir sequer submeter a sua solicitação por falta de um carimbo. Outro caso envolve o senhor João, de Malanje, cuja plantação de milho secou após 11 meses de espera por recursos.

Os funcionários referem ainda o colapso das relações institucionais com parceiros como o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), que se terão afastado por falta de seriedade e diálogo.

Segundo o documento, a falta de metas claras e a desconfiança generalizada em relação aos agricultores têm contribuído para o descrédito da instituição.

Os trabalhadores do FADA exigem a exoneração imediata de Felisbela Francisco, uma auditoria externa aos processos de financiamento e contratação dos últimos três anos, a implementação de um plano emergencial de desburocratização com prazos de resposta de até 72 horas, a reconstrução de pontes com entidades parceiras e a garantia de autonomia efectiva ao administrador Renato Baptista para levar a cabo reformas urgentes.

O manifesto termina com um apelo ao mais alto nível do Estado, alertando que o FADA é a última linha de defesa contra uma crise alimentar iminente.

“A agricultura angolana não pode morrer nas mãos de incompetentes. Exigimos mudanças já, antes que o descrédito se torne irreversível”, concluem os signatários.

Imparcial Press

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