Uma empresa gerida por cidadãos chineses, denominada PG MÁXIMO-COMÉRCIO & SERVIÇOS, que tem por si só a responsabilidade de outras empresas que estão sob sua gestão, encontrou uma forma de supostamente fugir aos impostos da Administração Geral Tributária (AGT). Para isso, o responsável máximo da empresa, identificado pelo Na Mira do Crime como sendo “Changguo Liu”, com a sua adjunta “Letícia Chen”, decidiriam abrir uma conta empresa no Banco de Comércio e Indústria (BCI), na agência dos Congolenses, município do Rangel, em Luanda, em nome da cidadá nacional Amélia Adalgiza Francisco Afonso, de 25 anos de idade, até então auxiliaria de limpeza da empresa, com a responsabilidade de limpar o gabinete do referido director “Liu” e demais responsáveis máximos.
Por: Ngunza Chipenda
Em conversa exclusiva ao Na Mira do Crime, Amélia disse que trabalhou durante ano e meio na referida empresa, directamente no gabinete do cidadão chinês, e só tomou conhecimento no dia 02 de Abril do ano em curso, que o seu superior usou a sua identidade para abrir uma empresa, após tomar contacto com um documento que estava por cima da mesa do mesmo.
“Quando fazia a limpeza em cima da mesa do chefe, vi um documento que estava escrito com o meu nome, dizia empresa Amélia Afonso -Comércio Geral e Prestação de Serviço (SU) LDA”, disse.
Porém, continuou, antes já havia notado nas facturas da empresa KEMBO, que faz a venda de motorizadas da empresa PG MÁXIMO-COMÉRCIO & SERVIÇOS que todas as facturas de venda saíam em nome da empresa que estão em seu nome.
A jovem tentou tirar satisfação junto dos responsáveis da empresa, mas foi ignorada, no entanto, em conversa com familiares sobre o caso, foi aconselhada a recorrer a um advogado, tendo para isso accionado um escritório de advogados.
Uma semana depois, no entanto, a jovem, o seu advogado e uma equipa do jornal Na Mira do Crime deslocaram-se até a agência do BCI nos Congolenses onde a conta foi aberta, para entender como é possível que se abra uma conta bancária de um cidadão nacional sem esta pessoa estar presente e sem a sua permissão.
No entanto, passados mais de duas horas no local, e mesmo depois da gerente ser informada da situação, não houve nenhuma informação, sequer a jovem foi permitida consultar a referida conta, uma vez que a mesma é a única titular, conforme o documento consultado por este jornal no Guiché Único de Empresas.
CAPITAL: Kz. 100.000,00 (CEM MIL KWANZAS). SÓCIO E QUOTA: AMÉLIA ADALGIZA FRANCISCO AFONSO, solteira maior, residente na Província de Luanda, Municipio de Maianga, bairro Rocha Pinto, rua zona 6, casa s/n. com uma quota no valor nominal de KZ. 100.000,00 (CEM MIL KWANZAS). GERÊNCIA: A cargo de quem vier a ser nomeado gerente pelo sócio único. Fica desde já designado gerente: AMÉLIA ADALGIZA FRANCISCO AFONSO – Contribuinte n° 007945866LA045.
FORMA DE OBRIGAR: Com a intervenção do gerente único.
Uma outra consulta deste jornal, identificou os proprietários da empresa PG MÁXIMO-COMÉRCIO & SERVIÇOS.
AUMENTO DE CAPITAL E ALTERAÇÃO AO PACTO SOCIAL. Facto inscrito: MONTANTE DO AUMENTO E COMO FOI SUBSCRITO: KZ.13.000.000,00 (Treze milhões de Kwanzas), subscrito pelos sócios CHANGGUO LIU e ZHENZHI LI, cada um no valor nominal de Kz.2.675.000,00 (Dois milhões seiscentos e setenta e cinco mil Kwanzas) e pelo novo sócio admitido ALEIXO SIMÃO KAPENDA, no valor nominal de Kz. 7.650.000,00 (Sete milhões seiscentos e cinquenta mil Kwanzas);
Facto Inscrito: UNIFICAÇÃO DE QUOTAS. Quotas a Unificar: Kz.1.000.000,00 + Kz. 2.675.000,00. Quota Unificada: Kz. 3.675.00,00. Titular: CHANGGUO LIU. Facto Inscrito: UNIFICAÇÃO DE QUOTAS. Quotas a Unificar: Kz.1.000.000,00 + Kz. 2.675.000,00. Quota Unificada: Kz. 3.675.00,00. Titular: ZHENZHI LI. Facto inscrito: ALTERAÇÃO PARCIAL DO PACTO SOCIAL.
O Na Mira sabe que o caso está sob investigação do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Departamento ao Crime Organizado, com o processo número 2615-025-05, desde o dia 26 de Junho do ano em curso.
BCI toma conhecimento através do Na Mira do Crime e garante que há um processo interno de averiguação para imputar responsabilidades
O Na Mira do Crime remeteu uma carta para contraditório ao Banco BCI, há duas semenas, e em contraditório de uma responsável de comunicação da instituição, informou que tomaram conhecimento do caso através deste jornal, e que há já um processo interno para perceber o que realmente se passou, e que caso haja interferência dos seus funcionários, haverá responsabilizações.
Comprado ao Estado Angolano pelo Grupo Carrinho, o Banco de Comércio e Indústria foi criado em 11 de Julho de 1991, pelo Decreto 08-A/91 do Conselho de Ministros e celebrado pelo ex-Presidente da República de Angola Eng. José Eduardo dos Santos.
Recorde-se que o BCI registou lucro líquido de KWANZAS 51,6 mil milhões (USD 56,6 milhões) no quarto trimestre de 2024, de acordo com o balanço da empresa, um resultado positivo anual nunca antes alcançado desde a fundação da entidade financeira.
Na Mira do Crime