A cadeia de televisão CBS News atribuiu esta semana a membros da administração Trump diligências junto dos Governos de Angola e da Guiné Equatorial para saber da sua disponibilidade de acolherem cidadãos estrangeiros que venham a ser deportados dos Estados Unidos.
De acordo com documentos a que a cadeia televisiva teve acesso, funcionários do Departamento de Estado estariam em contacto com autoridades angolanas e equato-guineenses para saberem da sua disponibilidade de acolherem imigrantes que não sejam seus cidadãos.
De acordo com a emissora televisiva, os contactos de funcionários americanos com autoridades de Angola e da Guiné Equatorial fazem parte de uma intensa campanha diplomática da administração Trump para convencer o maior número possível de países – incluindo aquelas com preocupantes registos em matéria de direitos humanos – a receberem deportados dos EUA. As diligências visariam, preferencialmente, o acolhimento de imigrantes cujos países de origem não os aceitam de volta.
A administração Trump já estabeleceu acordos com vários países latino-americanos para aceitarem imigrantes que não são seus.
Em Fevereiro, os EUA deportaram centenas de imigrantes africanos e asiáticos para a Costa Rica e o Panamá. Em Março, a administração Trump enviou quase 300 venezuelanos, acusados de serem membros de gangues perigosas, para El Salvador, que os aprisionou numa infame mega prisão.
A Guatemala também concordou em receber imigrantes de países terceiros deportados dos EUA. O governo mexicano, ao abrigo de um acordo que precedeu o segundo mandato de Trump, tem recebido imigrantes de outros países latino-americanos, como a Venezuela, apanhados a atravessar ilegalmente a fronteira sul dos EUA.
A administração Trump tem estado a negociar com países fora do Hemisfério Ocidental para enviar imigrantes a milhares de quilómetros de distância, através do Oceano Atlântico, para locais em África e na Europa.
Desde que deu início à deportação em massa de estrangeiros, em Janeiro, 12 cidadãos angolanos já regressaram compulsivamente ao país.
Na segunda-feira, 5, depois da publicação da CBS News, um porta-voz da Embaixada de Angola nos EUA disse: “Angola declarou que não aceita indivíduos deportados de outras nacionalidades”.
Não houve outro pronunciamento de uma entidade mais elevada do Governo angolano-
Aceitar a escória de que os Estados Unidos se querem livrar urgentemente pode ser o preço a pagar pelos países que querem cair nas graças de Donald Trump, abanando a cauda ou, para recorrer as palavras do próprio, beijando-lhe o traseiro.
Os países do antigamente chamado terceiro mundo que a administração Trump identificou como potenciais destinos de deportados de países terceiros incluem Angola, Benin, Guiné Equatorial, Essuatíni, Líbia, Moldávia e Ruanda, de acordo com documentos e funcionários internos do governo.
Graça Campos