LUANDA – A comissão de gestão da Fábrica de Cimento CIF – Bom Jesus, nomeada em 2024 para reativar a produção, está no centro de um escândalo de corrupção. Graves denúncias, que pedem uma investigação urgente da Procuradoria-Geral da República (PGR), acusam os membros da comissão de má gestão, desvio de fundos, salários exorbitantes e de levar a empresa a uma falência técnica, gerando um prejuízo bilionário aos cofres públicos.
A comissão, composta por Délcio Silva, Tuneka Lukau e Evaristo Baptista, é acusada de ter recebido mais de 1 bilhão de kwanzas em salários e regalias em menos de dois anos, mesmo com a fábrica paralisada desde 2023. As denúncias apontam para um aumento injustificado nos subsídios de Natal e férias, elevando-os para 100%, o que permitiu que cada membro recebesse o equivalente a 14 salários anuais. Nos últimos três meses, os valores teriam superado os 60 milhões de kwanzas por mês para cada um.
Além dos salários milionários, a gestão é suspeita de apropriação de patrimônio público.
A comissão teria adquirido veículos de luxo que, ao final do mandato, foram transferidos para seus membros a “custo zero”.
A gestão também é acusada de deixar uma dívida de mais de 1 milhão de dólares com fornecedores e de desviar cimento e outros ativos, com a suposta conivência de elementos do Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE).
As acusações se estendem a outras empresas do grupo, como a Fábrica de Cerveja Bela, onde uma assistente sem experiência foi nomeada diretora para, segundo as denúncias, facilitar o desvio de fundos.
A má gestão culminou em três meses de salários em atraso, gerando uma revolta de trabalhadores que agrediram os membros da comissão, que tiveram de fugir e pedir socorro ao Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Com o fim do mandato da comissão em 31 de julho, as denúncias exigem que a PGR instaure um processo-crime, realize uma auditoria independente e congele os bens dos envolvidos, a fim de proteger o patrimônio público e os direitos dos trabalhadores.
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