Efectivo do SME acusado de abusar sexualmente de criança de 2 anos no interior da creche ‘Cantinho da Dádiva

Uma mulher acusa a creche “Cantinho da Dádiva”, situada no Grafanil Bar, município de Viana, em Luanda, de ter sido palco do alegado abuso sexual da filha de apenas dois anos, apontando como agressor um efectivo do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), identificado apenas por Tilson, filho da proprietária do estabelecimento.

Mais de quatro meses depois, a mãe afirma enfrentar ameaças, silêncio institucional e um aparente encobrimento por parte das autoridades.

O caso terá ocorrido na primeira semana de Junho do ano em curso. A mulher conta que o episódio veio a público quando a filha, hoje com três anos, Ihe revelou que “o tio Tilson meteu a mão nas partes íntimas dela”.

Perante o relato, dirigiu-se de imediato à Esquadra da Polícia Nacional do KM 9-A, onde apresentou queixa formal e solicitou a realização de exames periciais.

O chefe do Núcleo de Investigação de llícitos Penais, André Hidulua, orientou-a a levar a criança ao Laboratório Central de Criminalística para efectuar o exame. Contudo, segundo a denunciante, o processo – registado sob o n.º 520/025 VN-D – estagnou logo depois.

“Em vez de me apoiarem, fui ameaçada. Um agente da polícia chegou a dizer-me que podia ser presa por estar a fazer uma denúncia que manchava a honra do indivíduo”, relatou.

De acordo com a mãe, as investigações não avançaram, e o silêncio das autoridades aumentou as suspeitas de encobrimento.

“A polícia, o procurador e a dona da creche estão a proteger o acusado. Ele tem ligações com pessoas influentes, incluindo o padrasto, que trabalha no Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos”, afirmou.

A mulher acrescenta que o resultado do exame realizado no Laboratório Central nunca foi formalmente recolhido. Perante a inércia das autoridades, recorreu a um laboratório independente, mas o procurador responsável considerou o exame nulo, alegando que apenas teria validade se efectuado sob jurisdição dos serviços oficiais.

“Já passaram quatro meses desde o ocorrido. O investigador que acompanhava o caso foi transferido sem explicação e ninguém me dá respostas. Sinto-me abandonada”, lamentou.

A proprietária da creche, mãe do suspeito, que antes elogiava a vítima, nega as acusações, afirmando que “a criança não sabe o que diz”.

A mãe da menor pede agora a intervenção urgente do Ministério Público, do Serviço de Investigação Criminal (SIC), da Polícia Nacional e do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher.

“A minha filha foi vítima de um crime grave e o caso está a ser silenciado porque o agressor tem protecção. Não posso calar enquanto a justiça não for feita”, disse.

A denunciante apela ainda ao apoio da sociedade civil, das igrejas e das organizações de defesa dos direitos humanos. “O silêncio protege o agressor. A verdade salva vidas e protege as nossas crianças”, sublinhou.

Nas redes sociais, o caso tem gerado forte indignação. Centenas de utilizadores apelam à transparência das investigações e à celeridade da justiça.

“Casos como este exigem rigor e protecção da vítima. A impunidade é o maior incentivo para novos abusos”, escreveu uma internauta.

Imparcial Press

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