Cresce a indignação entre empresários angolanos diante do não cumprimento da promessa de pagamento de dívidas públicas por parte do Estado angolano. A insatisfação foi tornada pública esta semana, com críticas directas à conduta do presidente do Conselho de Administração da Administração Geral Tributária (AGT), José Leiria, e do Secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Ottoniel Lobo Carvalho dos Santos.
De acordo com os empresários afectados, o PCA da AGT havia garantido que os pagamentos seriam efectuados na primeira semana de Junho do ano corrente.
Passado mais de um mês, a promessa não se concretizou, alimentando o sentimento de revolta e desconfiança generalizada. “Hoje é 3 de Julho e nem água vai, nem vem”, lamentou um dos empresários ao Imparcial Press.
O silêncio das autoridades financeiras é classificado como “mentira institucional” que mina a credibilidade do governo junto ao setor privado.
Os empresários alegam estar há mais de oito meses sem receber pagamentos por serviços já prestados ao Estado. A situação, segundo relatam, compromete a continuidade de negócios que sustentam milhares de famílias e agrava ainda mais o clima de instabilidade no sector produtivo nacional.
A maior parte dos empresários nacional acreditam piamente que a crise ganhou contornos ainda mais graves devido à desvalorização contínua do kwanza, desde a chegada do actual ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, no Executivo.
A alegada falta de coordenação junto ao Ministério das Finanças e insensibilidade às dificuldades do sector empresarial nacional levanta sérias dúvidas sobre o compromisso do governo com a dinamização da economia real.
Por esse motivo, os empresários pedem a intervenção urgente do Presidente da República. “Não é apenas a dívida do ano em curso. Há empresas à beira da falência, e trabalhadores já recorrem ao Inspecção Geral do Trabalho. Mas nós, empresários, a quem devemos nos queixar?”, questionam.
Em Abril do ano em curso, o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro garantiu, na província da Huila, que o Estado tem disponíveis, este ano, cerca de 400 mil milhões de kwanzas para o pagamento da dívida pública atrasada, correspondente ao período entre 2013 e 2019.
Ottoniel dos Santos deu a garantia durante um encontro de auscultação com os líderes das associações empresariais da Huila, na sequência dos constantes apelos dos operadores económicos sobre as dificuldades de liquidação dos atrasados fiscais na AGT nos últimos tempos, bem como a falta de pagamento da dívida pública pelos diferentes serviços prestados ao Estado.
Imparcial Press