O jornalista e director da Rádio Cuquema 93.1 FM, no município do Cuito, província do Bié, José Manuel Samakaka, foi constituído arguido não preso num processo-crime que corre termos no Serviço de Investigação Criminal (SIC), na sequência de conteúdos jornalísticos críticos sobre a gestão municipal, apurou o Club-K.
Segundo informações recolhidas, o processo terá sido desencadeado após o jornalista noticiar reiteradamente problemas estruturais na cidade do Cuito, nomeadamente a falta de energia eléctrica, as dificuldades no abastecimento de água potável e a deficiente situação do saneamento básico, matérias que terão sido consideradas pela Administradora Municipal do Cuito, Ângela Chicomo Ukueianga, como uma afronta à sua actuação enquanto gestora pública.
José Samakaka foi notificado através do Ofício n.º 4189/DCCPAS.SIC/MININT/BIÉ/2025, emitido pela Delegação Provincial do Bié do Ministério do Interior, datado de 12 de Dezembro de 2025, para comparecer no dia 18 de Dezembro de 2025, às 09h00, nas instalações do SIC, onde será ouvido em auto de interrogatório, na qualidade de arguido não preso, no Gabinete do Magistrado do Ministério Público junto daquele órgão.
O documento refere que a diligência ocorre no âmbito da instrução preparatória do Processo-Crime n.º 2289/025-A, conduzido pelo Departamento de Combate aos Crimes Contra as Pessoas, sob instrução do agente Edson António, ao abrigo dos artigos 132.º, n.º 2, e 137.º, alínea d), do Código de Processo Penal.
O ofício foi dirigido ao Presidente do Conselho Administrativo do Grupo Orquídea/Bié, entidade à qual a Rádio Cuquema está associada, solicitando a comparência do jornalista José Manuel Samakaka, funcionário da referida instituição.
O caso está a gerar preocupação entre profissionais da comunicação social, que consideram que o processo pode configurar uma tentativa de intimidação de um jornalista no exercício da sua função informativa, sobretudo por incidir sobre matérias de interesse público, como o acesso a serviços básicos essenciais.
Club-K
