Cidadãos recutados pela propaganda pró- Traoré encontram-se a trabalhar em minas de ouro ilegais

Vêm da Nigéria, Gana ou Togo, atraídos por falsas promessas de empregos bem remunerados postadas nas redes sociais. Segundo à Jeune Afrique, mas uma vez no Burkina Faso, são submetidos a trabalhos forçados e clandestinos.

De acordo com a fonte, vários cidadãos da África Ocidental que emigraram para o Burkina Faso, frequentam “aulas”, ministradas em inglês, sobre as cidades e os líderes militares do país.

São obrigados a assistir a exibições de filmes de propaganda que exaltam as virtudes de Ibrahim Traoré e os sucessos económicos do país.

“Quando perguntei a um gerente o que havia acontecido com meu amigo, aquele que me atraiu para cá, ele me disse que havia sido transferido para uma mineradora de ouro.”

Ao final do treinamento, os gerentes do abrigo o incentivaram fortemente a fazer um vídeo convidando outras pessoas a seguirem o mesmo caminho que ele, caso contrário, ele não conseguiria o emprego que almejava.

“Tive que repetir quase palavra por palavra o que o meu amigo havia postado no WhatsApp, o que me convenceu a vir para este emprego”, conta, afirmando que naquele dia percebeu que havia caído numa redede tráfico de pessoas.

O Africa Report entrevistou quinze cidadãos da África Ocidental ganeses e outros nigerianos, togoleses, todos presos por traficantes, como Moustapha Ibrahim. Osei Kojo, um ganês de 26 anos, vendeu as terras que herdou do pai para financiar a viagem. “É surreal! Eles fazem você acreditar em empregos lucrativos, ouro abundante, segurança… Mas, uma vez lá, eles te penduram ilusões irreais, eles te controlam”, diz ele. “Eu me sinto vazio, envergonhado demais para voltar.”

Charles Kwame, um ganês de 31 anos, foi enviado para um centro em Ouahigouya, no norte do Burkina Faso. Declarado “apto e qualificado” para o trabalho, foi enviado para uma mina de ouro ilegal. Ele não tem contrato, salário ou informações. “As mineradoras sobre as quais os traficantes falam, aquelas que deveriam pagar em dólares, são, na verdade, minas operadas ilegalmente”, explica.

Embora esse tipo de tráfico já existisse antes da chegada de Ibrahim Traoré ao poder, e não haja números que nos permitam mensurar a escala exacta do fenómeno, cada vez mais pessoas parecem estar a deixar-se levar pelas ilusões oferecidas por golpistas que capitalizam a retórica pan-africanista do regime.

Luanda Post

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