Luanda – O Conselho de Administração do Banco do Comércio e Indústria (BCI) rejeitou, recentemente, conceder um patrocínio de 450 milhões de dólares solicitado pela antiga directora do Serviço Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria-Geral da República para a publicação de um livro.
O administrador do BCI a quem o Conselho de Administração atribuiu a decisão sobre o pedido de Eduarda Rodrigues considerou como escandaloso o dinheiro solicitado para a publicação de um livro.
No câmbio corrente, 450 milhões de kwanzas correspondem a 450 mil dólares.
Não se conhece, no mundo, nenhum livro, cuja publicação, tenha requerido tão escandalosos valores.
Inebriada pelos poderes quase ilimitados que tinha na Procuradoria-Geral da República, no âmbito do selectivo combate a corrupção, em 2023 a então directora do Serviço Nacional de Recuperação de Activos, Eduarda Rodrigues, pôs no mercado um lixo literário a que designou “O regime jurídico de recuperação de activos em Angola”.
Uma colectânea da legislação sobre o combate à corrupção, o livro não teve nenhum impacto no mercado, sendo muito provável que os poucos “masoquistas” que se deram ao trabalho de desfolhá-lo o tenha obtido gratuitamente.
Embalada pela ilusão de que o livro fizera dela um poço de saber sobre o combate a corrupção e recuperação de activos do Estado, Eduarda Rodrigues quis repetir a “gracinha”, mas despojada, já, dos poderes que no passado recente fizeram dela uma das pessoas mais temidas de Angola, a procuradora e antiga directora do SENRA desta vez não conseguiu arrancar um chavo do BCI.
Agora feita “povo em geral”, exercendo funções inexpressivas no Tribunal Supremo, Eduarda Rodrigues pretende voltar a constranger o mercado literário
com nova obra em que se propõe, presume-se, “desencardir” a imagem com que foi defenestrada da PGR.
Prepotente, autoritária e falsa qb, Eduarda Rodrigues foi afastada do cargo em Janeiro de 2024 depois que perdeu a confiança do seu superior hierárquico, Hélder Pitta Gróz.
Enquanto dirigiu o SENRA, Eduarda Rodrigues praticou muitos actos ilegais como sejam o “confisco” arbitrário de bens privados sem caução de qualquer tribunal e, sobretudo, extorquiu dinheiro a cidadãos sobre os quais impendiam simples suspeitas de apropriação ilícita de bens públicos.
Sem amparo de qualquer decisão judicial transitada em julgado, Eduarda Rodrigues “secou” as contas bancárias de vários cidadãos. Constam entre as vítimas da prepotência e abuso de poder com que Eduarda Rodrigues exercia as funções de directora do SENRA cidadãos como Manuel Rabelais, Joaquim Sebastião, Amadeu Maurício e Augusto Tomás.
A todos eles, a então “imperatriz” da selectiva luta contra a corrupção extorquiu dinheiro sob a ameaça de prisão imediata ou do arquivamento dos processos judiciais então em curso contra eles. Eduarda Rodrigues “engoliu” o dinheiro, mas nunca fez questão de honrar as contrapartidas que prometeu aos extorquidos.
Não são conhecidos os propósitos do novo livro que a antiga directora do SENRA se propõe escrever. Não se sabe se para expiar os crimes de extorsão que caracterizaram o seu consulado ou se para confirmar denúncias de vários angolanos, nomeadamente juristas, que a descrevem como uma extorsionista “sem coração” – para recuperarmos a caracterização que dela faz o advogado João Gourgel.
Depois do rotundo “Não” que recebeu do BCI não se sabe se as intenções de Eduarda Rodrigues se ficam por aqui ou se baterá outras portas para obter o patrocínio que deseja.
Mas, é muito improvável que Eduarda Rodrigues consiga encontrar alguma instituição desavisada.
Se não o financiar com recursos públicos, é quase certo que o novo livro de Eduarda Rodrigues não conhecerá a luz do dia.
*Lima Cardoso
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