ASSESSORES E CONSULTORES PAGOS A ‘PREÇO DE OURO’ NA SONANGOL

O pais caminha para completar a 11 de Novembro próximo 50 anos de independência. Ao longo desse percurso, houve investimento na formação de quadros quer interna, quer no estrangeiro.

Ocorre porém, que não obstante a gama de quadros, se assiste em muitas empresas, e instituições públicas ao recrutamento da assessoria e consultoria externa que chega a custar muito caro aos cofres do Estado.

Esta situação, aos olhos de entidades ouvidas por este jornal, não se justifica e até “entrava o desenvolvimento de competências locais e por arrasto do pais”.

Numa só palavra: ‘È atirar dinheiro ao ar”

Os dados disponíveis indicam que a assessoria estrangeira pode, em certas situações, prejudicar o desenvolvimento de empresas e do pais, embora também possa trazer beneficios.

Contudo, acentuam as fontes, o excessivo recurso à consultoria estrangeira, em detrimento da nacional, pode dificultar o desenvolvimento de competências locais e a geração de empregos no país, além de gerar dependência tecnológica e financeira.

Por outro lado, a assessoria estrangeira pode trazer conhecimento, tecnologia e investimentos que impulsionam o desenvolvimento económico e a competitividade das empresas “se for seria e necessária”.

A petrolifera angolana Sonangol é a que sempre liderou o grosso de gastos com assessores no país.

Os gastos são consideráveis. Só para ilustrar, entre 2016 e 2017, a companhia gestora dos hidrocarbonetos gastou com os assessores 135 milhões de dólares. Os dados avançados à época pela Embaixada de Angola em Portugal, apontavam que a Sonangol tinha “um gasto considerável com assessores, mas os valores exactos variam e não são divulgados em detalhes”.

Nesta altura, a empresa estava sob a liderança da empresaria Isabel dos Santos, primogenita do falecido Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

“Sabe-se que a empresa gastou cerca de 135 milhões de dólares em serviços de consultoria entre Maio de 2016 e Novembro de 2017”, destacou a embaixada, sublinhando que “além disso, a Sonangol teve um encargo total de mais de 500 mil milhões de kwanzas com salários e outras remunerações em 2023”, refere a entidade, insistindo que “no entanto, esses valores

incluem todos os funcionários e não apenas assessores”.

A par da Sonangol, ou da Angola Telecom, hå também consultoria estrangeira em muitos ministérios, como por exemplo das Pescas e da Energia e Águas que “não se justificam, quando temos aqui muitos biólogos competentes que podem dar boa resposta, mas não são tidos nem achados”, havendo outros que até são compulsivamente licenciados à reforma, ou deambulam pelas ruas sem fazer nada, numa altura em que deviam ser chamados de algum modo, para passar a sua experiência aos mais novos.

Várias fontes consultadas pelo Pungo a Ndongo reforçam a ideia de que muitos paises africanos sofrem perdas significativas devido a práticas de consultoria ineficazes ou corruptas.

Essas perdas, como referem, podem ocorrer por meio de contratos mal elaborados, consultorias superficiais que não atendem às necessidades locais, ou até mesmo através de fraudes e desvios de recursos.

Júlio Gomes

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