“As portagens podem ser aceitáveis, mas custos adicionais impactam directamente o preço final das mercadorias” – director-geral da IVECAR

Jorge Naves, director-geral da IVECAR, aborda os desafios da logística nacional, investimento e posicionamento da Vecauto.

Qual é a avaliação da Vecauto sobre a nova tarifa de portagem na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC)?

A nova tarifa deve ser equilibrada. Compreendamos a necessidade de receitas para manutenção das infra-estruturas.

As estradas do país hoje e com o alargamento de mais três províncias, face a nova DPA, qual é a avaliação estrutural que faz?

A expansão das estradas é um passo importante, mas ainda persistem desafios em termos de qualidade, manutenção e segurança das estradas, especialmente em zonas rurais e regiões de difícil acesso. O investimento contínuo em infra-estruturas é muito importante.

Considera oportuno o pagamento de portagens entre províncias? Como isso impacta o transporte de carga?

As portagens podem ser aceitáveis, mas é importante percebermos que estes custos adicionais impactam directamente o preço final das mercadorias, nas  transportadoras e nos consumidores .

Qual é a vossa avaliação sobre o estado e a eficácia das balanças de carga a nível nacional? É necessário haver padronização e calibração regular das balanças e consistência de resultados, para evitar transtornos e custos operacionais inesperados para as empresas transportadoras. É um ponto importante a que se deve ter atenção para que o sistema funcione e seja justo.

De que forma o recente aumento do preço do gasóleo poderá impactar as vossas operações, especialmente com a introdução da nova gama de camiões?

O aumento do combustível tem impacto directo nos custos logísticos, mas a  eficiência energética do modelo X3000, que consome menos por tonelada transportada, ajuda a mitigar este efeito.

Qual foi o montante do investimento feito para introduzir esta nova gama de camiões no mercado nacional?

“Embora não avancemos valores exactos nesta fase, o investimento realizado na introdução da gama Shacman X3000, em logística, capacitação técnica, peças e estrutura de suporte, representa um compromisso deliberado com soluções sustentáveis, tecnicamente robustas e alinhadas com as reais exigências do mercado angolano.

Quais os critérios que foram considerados para definir a quantidade de unidades disponibilizadas nesta primeira fase?

Considerámos factores como a capacidade de absorção do mercado, a procura projectada por segmento, a capacidade de assistência técnica local e a logística de reposição de peças. Também analisámos dados históricos de vendas e a evolução do sector de transporte de carga nos últimos dois anos.

Qual é a perspectiva de vendas da gama Shacman, especialmente do modelo X3000, até ao final do ano?

A nossa meta é vender entre 150 a 170 unidades especificamente da gama Shacman X3000 até Dezembro, oque poderá representar um crescimento significativo nas nossas vendas, devido à sua robustez, relação preço qualidade e adequação às rotas inter-provinciais.

Qual é o valor real de venda do modelo Shacman X3000?

O modelo Shacman X3000 está a ser comercializado a partir desde 45.700.000,00 AOA mais IVA, a 87.600.000,00 AOA mais IVA, dependendo da sua versão, configuração e dos acessórios opcionais incluídos. Oferecemos ainda planos de financiamento e assistência pós-venda/contractos de assistência

Como avaliam a rentabilidade esperada e o retorno sobre o investimento feito?

Projectamos um retornosobre o investimento (ROI) positivo em cerca de 18 a 24 meses, sustentado pela boa aceitação do modelo, baixo custo operacional e crescente procura porveículos pesados com melhor desempenho e eficiência, para a dinamização do sector.

Sabendo das dificuldades enfrentadas pelos pequenos agricultores em termos de escoamento e armazenamento, quantas unidades estão actualmente disponíveis para apoiar este segmento?

Temos a pretensão de vender um total de 170 unidades até o final do ano. Numa primeira fase, 20 unidades já foram vendidas, recebemos a encomenda de 50unidades e vamos receber nos próximos meses mais 100 unidades para dar resposta a solicitação dos clientes e apoiar o escoamento da produção e dinamizar as cadeias logísticas regionais.

Como avalia a concorrência no sector de transporte e logística actualmente?

O sector está cada vez mais competitivo, com entrada de novos players e maior exigência dos clientes. Diferencia–se quem consegue oferecer soluções integradas, bom serviço pós-venda e tecnologia embarcada.

A  infra-estrutura rodoviária, ferroviária e portuária tem sido suficiente para atender à demanda do sector? Em que áreas se verificam maiores deficiências?

Tem havido um investimento importante neste sentido, embora, fruto do próprio crescimento e desenvolvimento, seja importante continuar a apostar nesta área para evitar gargalos logísticos, quer na infra-estrutura ferroviária que tem potencial para mais aproveitamento, quer no descongestionamento dos portos e na sua eficiência operacional. Acredito que o investimento deve ser contínuo de todos os players, a todos os níveis.

Como a legislação vigente tem impactado as operações logísticas? A empresa enfrenta muita burocracia nos processos administrativos e de circulação?

Há oportunidades para tornar a legislação mais harmonizada e os processos administrativos mais ágeis. A simplificação e digitalização dos procedimentos de licenciamento, circulação e importação podem gerar ganhos reais de eficiência para as empresas e contribuir para um ambiente económico mais dinâmico e competitivo.

Quais são as principais inovações ou tendências que transformam actualmente o transporte de carga em Angola e na região? Destacamos o uso de plataformas de gestão de frota, com contactos de assistência incluídos, e o pagamento electrónico de portagens e taxas. Esta inovação está a aumentar a eficiência e transparência no sector.

Na vossa avaliação, o sector está preparado para a automatização e digitalização dos processos logísticos? Quais os principais desafios estruturais a superar? Dispomos de um potencial significativo para a transformação digital e os progressos dependem da capacidade conjunta de reforçar infra-estruturas tecnológicas, promover a qualificação técnica e garantir a interoperabilidade dos sistemas. O alinhamento entre o sector público e privado é determinante para criar um ambiente digital funcional, seguro e orientado para soluções.

Ecoomia e Mercado

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