O Bairro Nguimbe, situado por detrás dos edifícios da centralidade do Zango 8 Mil, está habitado desde 2002, e a população que ai reside, na sua maioria camponeses, está a ser invadida, supostamente por empresários chineses que se apresentaram como donos dos terrenos.
Os moradores alegam que não é a primeira vez que tal situação se verifica. “Existem três grupos de criminosos que querem aproveitar-se dos terrenos e estão por detrás das invasões, levando pessoas falsas que se apresentam como donos dos terrenos”, verificaram.
De acordo com os populares, existe um grupo de advogados, que são pagos para defender as pessoas que alegam ser donos de terrenos, mesmo sabendo que os documentos apresentados por elas são falsos.
Existe também um grupo de empresários chineses que está sempre acompanhado pela polícia e dizem que comprou todo o bairro.
Nessa “manobra”, há ainda um grupo de camponeses idosos, que é posto à frente de tudo e pagos para apresentarem-se como verdadeiros donos dos terrenos em litígio.
Os moradores dizem que, a todo momento, são intimidados pela polícia, que ronda pelo bairro diariamente. “Está a ser construído um muro com o objectivo de vedar todos os terrenos para que nenhum morador tenha acesso ao bairro”, revelam.
De acordo com o Soba Herculano, o muro está a ser feito para os invasores se apropriarem do bairro. “Tenho 40 filhos e 10 esposas, todos nasceram e cresceram aqui.
Estão a nos obrigar a abandonar o bairro. A todo momento, há máquinas e homens a trabalhar na construção do muro. Vivemos esta situação há vários anos; estes dias, tudo piorou”, relatou.
Ante o silêncio da administração municipal do Calumbo, o soba garante levar o caso até às últimas consequências.
Senhora Domingas Miguel, moradora, conta que houve uma reunião no bairro, onde pediram para que alguns moradores assinassem um documento onde firmaram o compromisso de receberem 8 milhões de kwanzas para abandonar o bairro.
“Nessa reunião, apercebi-me que a área que vai ser demolida” , disse, admitindo a hipótese do coordenador,
Francisco, de ter vendido o bairro.
Do acordo constava que, se os moradores receberem 8 milhões de kwanzas, cada familia deve dar um milhão à comissão do bairro.
Nesta terça-feira, afirmaram, apareceu uma cidadã chinesa que se apresentou com o nome de Maria, com a informação de que todos os terrenos foram vendidos e que ela era a nova dona.
Todos os dias, há máquinas a trabalhar e homens construir o muro. Os moradores são proibidos de circula Quem não obedece é ameaçado com disparos de armas de fogo.
Na Mira do Crime