Accionistas do Banco Sol vão aumentar capital mas Administração terá de fechar agências e despedir 30% dos trabalhadores

O Banco Sol iniciou um novo ciclo estratégico com a aprovação, pelo Banco Nacional de Angola (BNA), do seu Plano de Recapitalização e Reestruturação (PRR) 2025-2027. Entre as novas medidas, estão o aumento de capital por parte dos accionistas, o encerramento de agências com baixa rentabilidade e a redução de 30% dos trabalhadores, segundo avança o banco.

Ainda dentro do plano de reestruturação consta a reorganização da estrutura operacional, o reforço da recuperação de crédito malparado e da captação de novos depósitos, bem como a alienação de activos imobiliários não essenciais.

Tal como avançou o CEO, Osvaldo Macaia, em entrevista ao Expansão, o banco tem um crédito malparado na ordem dos 51% e vai vender também imóveis avaliados em 30 mil milhões Kz.

Adeliberação do BNA sobre o PRR foi formalizada nas vésperas da Assembleia Geral Ordinária de Accionistas, realizada a 29 de Abril, durante a qual foi igualmente apresentado o Relatório de Gestão e Contas de 2024.

Sob a liderança de Osvaldo Macaia, a nova Comissão Executiva assumiu funções em Maio de 2024, herdando uma estrutura fragilizada por práticas contabilísticas pouco rigorosas e omissões relevantes. “Areavaliação das contas de 2023, efectuada em conjunto com a EY, expôs incorrecções materiais, nomeadamente a omissão de despesas com fornecedores, que conduziu à revisão do lucro líquido de Kz 12 mil milhões para Kz 7,9 mil milhões, sendo uma das razões que levou o BNA a suspender a distribuição de dividendos desse exercício”, explica uma nota do banco.

Entretanto, o exercício de 2024 foi marcado por um prejuízo de Kz 6,8 mil milhões Kz, decorrente de ajustamentos estruturais adoptados pela nova gestão, como “o desreconhecimento de juros sobre créditos não produtivos (NPL), anteriormente contabilizados de forma indevida; o reconhecimento de passivos acumulados com fornecedores, no valor total de Kz 7,4 mil milhões; o registo de imparidades adicionais, em conformidade com a norma IFRS 9, com impacto directo na margem financeira”.

Estas medidas, segundo o banco, alinhadas com os princípios da prudência e com as normas internacionais de contabilidade, provocaram uma redução dos capitais próprios para 77,6 mil milhões Kz, face aos 83,9 mil milhões Kz registados no final de 2023.

Apesar do contexto macroeconómico adverso, o Sol registou um crescimento de 13,1% na base de clientes, atingindo 2,27 milhões Kz. Ainda assim, os depósitos sofreram uma redução de 3,3%, enquanto a cobertura do crédito por imparidades aumentou de 6,34% para 58,53%, “reflectindo uma abordagem prudencial mais robusta na gestão do risco de crédito”, diz o banco

Expansão

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