Apenas 2,1% da população ‘bate a porta’ das instituições financeiras em busca de crédito

FINANÇAS. A Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (ENIF), tem como meta alcançar uma taxa de inclusão financeira de 65% até 2027. Cerca de 13% busca crédito em credores informais, familiares ou amigos.

A recorre às instituições financeiras para ter acesso a crédito, enquanto 13% faz recurso a credores informais, familiares ou amigos, segundo dados divulgados durante a cerimônia de apresentação pública da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (ENIF) que se realizou na semana passada. De acordo com o relatório apresentado pelo Comité da Coor-denação Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (CCENIF), referente ao ano 2024, 51% da população está excluída do sis-tema financeiro e apenas 25% possui um bom nível de litera-cia financeira

A oferta de serviços financeiros está concentrada em Luanda, e na região litoral e centro do país. Os baixos níveis de inclusão finan-ceira são agravados por diversos condicionalismos estruturais, como o elevado nível da infor-malidade da economia, infraes-truturas básicas (electricidade, telecomunicações e vias de acesso) e acesso a documentos de iden-tidade, nomeadamente nas áreas mais recônditas.

A exclusão financeira é vada principalmente nas mulheres. Entre a população financeira-mente excluída, 59% são mulhe-res. E apenas 24% das mulheres possuem contas em instituições financeiras em comparação com 57% dos homens.

O relatório que foi baseado com uma estimativa populacio-nal de 35,12 milhões de pessoas em 2024, espelha ainda que, a maioria das pessoas não recorre a instituições financeiras formais para obter crédito.

Problemática do crédito
Cerca de 88% da popula-obser-ção adulta não obtém crédito de nenhuma forma, enquanto 13% recorre a credores informais, fami-liares ou amigos e apenas 2,1% utiliza instituições financeiras, sendo que, somente 0,1% procu-ram instituições não bancárias.

As principais barreiras para a utilização de crédito pela popu-lação são o receio de contrair dívidas (28%) e a percepção de incapacidade de as pagar (20%). Inclusive, entre os trabalhadores do sector público, que possuem rendimentos regulares, 72% não utilizam ou acedem ao crédito, e apenas 13% recorrem a instituições financeiras para esse fim.

De acordo com o documento, o acesso ao crédito por parte das mulheres é mais adverso, pois é condicionado pelo seu alto nível de informalidade neste gênero, atingindo 93% em relação aos 89% dos homens. E uma elevada proporção de mulheres trabalha por conta própria (44% face aos 37% dos homens), e existem bai-xos níveis de empresas com lide-rança feminina, concentrando-se no comércio a retalho e outros serviços (61% e 28%, respetiva-mente).

Os beneficiários de crédito utilizam-no principalmente para emergências, destacando a neces-sidade de instrumentos para for-talecer a resiliência financeira. Cerca de 32% contraíram cré-dito para alimentação, 29% para emergências médicas e 15% para outras emergências. Apenas 2% das pessoas utilizaram crédito para investir nos seus próprios negócios, enquanto 3% destina-ram o crédito à construção de habitação e outros 3% às activi-dades agrícolas e pesqueiras.

Em 2024, a nível do sistema financeiro, 20,50% dos créditos foram cedidos a clientes parti-culares; 42,16% a grandes empre-sas, 18,90% a médias empresas, enquanto as pequenas empre-sas tiveram acesso a 17,08%. As Microempresas apenas tiveram acesso a 1,36% do crédito.

A ENIF tem o como meta, alcançar uma taxa de inclusão financeira de 65% da população até 2027, assegurando que cada indivíduo ou micro, pequena e média empresa, independente-mente da localização ou condição socioeconómica, esteja incluído financeiramente, com vista a con-tribuir para o desenvolvimento sustentável do país.

O Comité da Coordenação Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (CCENIF), é coor-denado pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano.

Valor Económico

 

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