COMO ELES SE LAMBUZAM E RIEM-SE DA MISÉRIA DESTE POVO

Na sua página do Facebook e num poste de hoje (quarta-feira, 26 de Novembro), o MPLA leva ao conhecimento público que o seu “presidente e líder, camarada João Lourenço, efectuou uma visita de constatação às obras do novo edifício da sede nacional do Partido”. E termina com a “palavra de ordem” de sempre: “MPLA — servir o povo e fazer Angola crescer”.

Quem quiser confirmar, que passe por lá e pode verificar que, contrariando o que está estabelecido por Lei e até se aplicam multas, não existe nenhuma informação sobre aquela obra. Mais uma que se junta a outras obras milionárias, marcas da gestão do Presidente João Lourenço. Nada se sabe sobre custos, nem outros pormenores. O que se vê, é que o empreiteiro é chinês.

Quem financia essa obra? Qual a origem dos recursos? Quais foram os procedimentos que permitiram ao MPLA, abocanhar também o segundo edifício, onde funcionava o Ministério da Energia e Águas? Passará a ser proprietário dos dois edifícios e de toda aquela área que vai da TPA ao antigo hangar do aeroporto de Luanda, colada aos bombeiros?

Uma vez mais, quem diz “servir o povo e fazer Angola crescer”, não é transparente nos seus actos. E mais grave, é que o presidente desse partido que também é o Presidente da República, cuja bandeira é o combate à corrupção, que deveria transmitir bons exemplos à Nação e aos demais partidos, age como se isso fosse um procedimento normal. É essa mesma figura que se diz ser empregado de um “patrão”, que até passa fome e vive na miséria.

Todos sabemos, que Angola é do MPLA e por isso mesmo, a sua liderança decidiu brindar os seus militantes, por ocasião dos 50 anos da tomada do poder e da comemoração de mais um aniversário da sua fundação, com a inauguração de um novo edifício rodeado de um conjunto de obras complementares, de facto de encher os olhos. Olhando para as imagens dos ‘camaradas’ sorridentes a receber o Chefe todo bangão, assalta-nos um sentimento de grande dúvida relativamente ao patriotismo dessa gente. E apetece-nos perguntar: “Nasceram mesmo em Angola, filhos de mães e de pais angolanos? Têm mesmo identidade angolana? Não pode! Parafraseando o falecido Papá Kitoco, “essa gente emaluqueceu”.

É demasiada falta de empatia, quando existem 17 milhões de angolanos em estado de pobreza extrema e 9 milhões de crianças sem escola, ou que frequentam aulas em escolas sem casas de banho ou com casas de banho sem água, falta de medicamentos, de comida nos quartéis e estradas esburacadas.

O Chefe não precisa de exagerar tanto para acomodar-se no pós-2027. Ou pretende equiparar o conforto do Palácio do MPLA com o conforto e a luxúria das arábias da Cidade Alta?

Mas também, pelo nosso silêncio e cobardia, merecemos. Todos, incluindo os próprios militantes do MPLA, porque também eles são vítimas desse sistema insensível e insano, mas estão na primeira linha da sua defesa e dos aplausos. É assim que eles servem o povo e fazem Angola crescer.

RAMIRO ALEIXO

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