A Shell retoma as suas operações em Angola, suspensas há duas décadas, com um investimento de quase mil milhões de dólares para a prospecção de 17 blocos petrolíferos.
A concessionária petrolífera angolana e a Shell — empresa de origens mistas entre o Reino Unido e os Países Baixos — assinaram, esta segunda-feira, dia 3 de Novembro, um acordo que define os termos do contrato para a prospeção e desenvolvimento de 17 blocos em águas ultra-profundas, num investimento inicial de cerca de 993 milhões de dólares.
O acordo marca o regresso da Shell a Angola, 20 anos depois, e dá seguimento ao memorando de entendimento assinado há cerca de um ano, agora com a definição dos termos que constarão do contrato a submeter à aprovação do Conselho de Ministros.
Em declarações à imprensa, após a assinatura do acordo em Luanda, o presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), Paulino Jerónimo, destacou o “regresso em grande” da Shell, que passará a operar um total de 17 blocos, nomeadamente os Blocos 19, 34 e 35, além de outros 14 blocos adicionais.
“Para além disso, como foi comunicado pelo próprio vice-presidente sénior da Shell, a empresa participará também como parceira no Bloco 33”, referiu Paulino Jerónimo, sublinhando que a expectativa é que, nos próximos anos, seja feita uma avaliação detalhada das 17 concessões.
De acordo com o responsável da ANPG, o regresso da Shell é importante porque “a luta de Angola tem sido manter a produção a um nível acima de um milhão de barris por dia”. Daí o projeto de produção incremental dos campos marginais, “pura e simplesmente para manter a produção nesse nível”.
“Novas descobertas são necessárias para continuar a manter este nível e, possivelmente, permitir um crescimento. Por isso, continuamos a atribuir concessões para atividades de exploração, como é o caso concreto destes 17 blocos atribuídos à Shell”, frisou Jerónimo.
O presidente da ANPG acrescentou que a escolha da Shell para os 17 blocos resultou de uma negociação directa, uma vez que a petrolífera “manifestou há vários anos, pelo menos há dois, o seu interesse em regressar a Angola” e sublinhou que a negociação directa tem sido feira “sem que em momento algum se tenha violado a lei”.
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, salientou que “o trabalho para o retorno da Shell está concretizado com o acordo agora rubricado”, e manifestou esperança de que “todo o esforço e os investimentos feitos na fase de prospeção tragam resultados, permitindo passar à fase de desenvolvimento e produção”.
O ministro destacou ainda que “o país continua a demonstrar ser um polo interessante para a actividade petrolífera, com potencial para novas descobertas, o que é essencial no combate ao declínio natural da produção”. Reafirmou, por fim, que o Governo mantém, por mais alguns anos, a meta de produção diária acima de um milhão de barris de petróleo.
O vice-presidente sénior da Shell, Eugene Okpere, numa breve declaração à imprensa, destacou o regresso da companhia, 20 anos depois, a um país “com elevado potencial”, expressando o compromisso da empresa em realizar “grandes investimentos” e agradecendo a colaboração do Governo angolano e da concessionária nacional.
A Shell será operadora dos Blocos 19, 34 e 35, localizados em águas ultra-profundas nas bacias do Kwanza, e de outros 14 blocos em águas ultra-profundas nas bacias do Baixo Congo e do Kwanza, num consórcio que inclui a Equinor e a Sonangol E&P.
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