O desemprego em Angola afecta actualmente mais de 5 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o que representa cerca de um terço da população activa. A situação tem-se agravado nos últimos anos, influenciada pela desaceleração económica, encerramento de empresas e dificuldade de inserção dos jovens no mercado de trabalho.
Desde Dezembro de 2024, o INE deu início à migração definitiva da metodologia de cálculo do desemprego, ajustando o sistema estatístico às novas resoluções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O objectivo é melhorar a qualidade e a credibilidade dos dados sobre o emprego e o desemprego no país.
O director-geral do INE, Joel Futi, explicou que a alteração metodológica vai provocar uma redução significativa dos números actuais, uma vez que passarão a ser excluídos das estatísticas os cidadãos que não desenvolvem actividade remunerada nem procuram emprego de forma activa.
“Com base nas novas resoluções da OIT, indivíduos que não estão à procura activa de trabalho deixarão de ser contabilizados como desempregados. Isso fará com que o número, hoje em torno de cinco milhões, venha a reduzir”, sublinhou Joel Futi.
A revisão, segundo o responsável ocorre num contexto em que o desemprego juvenil e o subemprego no sector informal continuam a ser os principais desafios sociais e económicos do país. Em muitas províncias, sobretudo fora de Luanda, a falta de oportunidades formais leva milhares de pessoas a recorrerem à economia informal como alternativa de sobrevivência.
Com a nova metodologia, o INE diz esperar harmonizar os critérios de medição com os padrões internacionais, permitindo análises mais fiáveis e comparações com outros países africanos. Ainda assim, economistas alertam que a redução estatística não significa necessariamente melhoria real das condições de emprego, e defendem políticas activas de formação profissional, incentivo ao empreendedorismo e diversificação económica.
Correio da Kianda