Teias da corrupção

O combate à corrupção, entendido como um dos ‘cavalos de batalha’ da governação do Presidente João Lourenço, logo ao primeiro mandato, tem nestes dias um desafio: o esclarecimento do caso em que estão supostamente envolvidas entidades ligadas ao Ministério das Finanças. Ao que tudo indica, o esquema de corrupção começa no Brasil, mas com ramificações que podem pôr em causa a estabilidade das instituições angolanas. Na verdade, embora isso tenha sido tornado público agora, as insinuações de que havia ‘gato escondido’ no Ministério das Finanças (MINFIM) são antigas. E se se disser que a saga das comissões no pagamento da dívida pública ‘vai de vento em popa’, não se estará a exagerar.

Empresários sobretudo angolanos, que terão trabalhado para o Estado, fornecendo bens e serviços, têm sempre problemas para serem ressarcidos, havendo quem no MINFIN se deia ao luxo de ‘aparecer’ para ‘ajudar’ no desbloqueamento aos pagamentos, mas em troca de chorudas comissões.

Inclusive, como contam vários empresários, há uma entidade, que não adianta agora revelar o seu nome, mas que entretanto, exige acima de um milhão de dólares. Ou seja, “só entra em negociatas para os pagamentos de dívidas às empresas que de alguma forma serviram o Estado, mas que tenham avultadas somas por receber que garantam esta comissão”. Esse negócio é largamente conhecido. Os mecanismos em que isso ocorre estão nas mãos dos próprios empresários e da sociedade.

E agora se há um esquema perigoso de corrupção que orquestrado do Brasil pode afectar as instituições angolanas, é tempo de a Procuradoria Geral da República entrar em cena, sob pena disso acabar com uma verdadeira descredibilização desses serviços, que a todos os titulos devem concorrer para a normalização da nossa vida quotidiana.

Advogado Nelson Wilians e a ‘Operação Sem Desconto’

Um perigoso triângulo de corrupção, com ramificações no Brasil, envolve altas figuras do Estado angolano. A investigação sobre as conexões de Nelson Wilians em Angola é crucial para proteger a integridade das instituições do país e revelar a verdadeira extensão deste esquema fuzis e pistolas.

Outros alvos da operação incluem Antonio Carlos Camilo Antunes, apontado como o principal operador do esquema, e o empresário Fernando Cavalcante, suspeito de lavagem de dinheiro. O caso de Nelson Wilians destaca a dualidade entre a imagem pública e as investigações criminais.

Enquanto sua marca era construida com base no prestigio e no sucesso, a policia investigava uma teia de negócios e transações suspeitas que resultaram numa operação de grande escala.

Teia de corrupção e os gémees da Clé

A busca por prestigio dos empresários angolanos Clésio e Clénio Gomes, os ‘Gêmeos da Clé’, esconde um submundo de suspeitas que se estende por continentes.

O que parecia uma estratégia de marketing para elevar a marca CLEO, agora se revela co-mo uma complexa teia de conexões que, se-gundo relatórios, liga os irmãos a um esque-ma de fraude e lavagem de dinheiro com ra-mificações em Angola e no Brasil.

A conexão com a fraude brasileira co papel de Nelson Wilians

A parceria dos gêmeos com o advogado bra-sileira Nelson Wilians ganha um novo e peri-goso significado. Wilians é alvo da Operação “Sem Desconto’ no Brasil, suspeito de ser o mentor de um esquema bilionário de fraude contra o INSS. Enquanto os gêmeos o recebiam com honras em Luanda, marcando encontros de alto nivel com a ministra das Finanças, Vera Daves, e com a Assembleia Na-cional, a Policia Federal brasileira apreendia em nome de Wilians um arsenal de carros de luxo, armas e obras de arte.

Fontes próximas à investigação apontam que essa não é uma simples coincidência. Relatórios sugerem que o Grupo Clé é uti lizado como fachada para lavar dinheiro de origem ilicita. A nova estratégia seria usar o marketing pesado e o prestigio para legiti-mar fortunas de origem duvidosa.

O papel de figuras de Governo angolane e a suspeita de gangue

Relatórios chocantes acusam a ministra das Finanças, Vera Daves, de liderar uma ‘gan-gue’ que desvia fundos públicos e utiliza a rede dos gêmeos como fachada. A denúncia aponta para um sistema de corrupção que teria cooptado os principais órgãos do Estado.

A imagem de prestigio do advogado e empresário Nelson Wilians, conhecido pela sua actuação mediática e parcerias com celebridades, colapsou diante da Operação ‘Sem Desconto’ da Polícia Federal do Brasil.

Wilians foi preso em São Paulo por suspeita de participar de um esquema de fraudes bilionárias contra o Instituto Nacional do Se-guro Social (INSS).

A teia da fraude segundo a investigação teria desviado biliões de reais de aposentadorias e pensões do INSS. Nelson Wilians é um dos alvos da operação, que cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão.

Os bens apreendidos em seu nome e de ou-tros suspeitos chamam a atenção pelo luxo e ostentação. Carros, armas e obras de arte, a polícia apreendeu uma frota de carros de luxo, incluindo um Rolls Royce avaliado em 11 milhões de reais, além de obras de arte, vinhos caros, dinheiro em espécie, Segundo as acusações, a ‘gangue’ liderada pela ministra teria criado um banco de microcrédito em Maputo, Moçambique. O Micro Banco Sólido seria, na ver-dade, um veículo para a la-vagem de dinheiro, com a ministra supostamente aconselhando a insta-lação do banco fora de Angola, e os gêmeos indicando a cidade de Maputo. O relatório também detaIha as acusações contra Vera Daves por ma-nipular a dívida pública em um ‘falso esquema de dívida’.

Acusações graves apontamainda que o marido da ministra estaria envolvido em “tráfico de influência”, exigindo uma comissão de até 40% de empresários para que suas dívidas fossem pagas pelo Estado.

Arede e os métodos de lavagem de dinheiro

O texto aponta Clésio e Clénio Gomes como os principais operadores do esquema. A rede, segundo as denúncias, utilizaria métodos como: Transporte de valores: Artistas como Yola Semedo e Delero King, além do ex-jogador Bastos Kissanga, são menciona-dos como supostos transportadores de di-nheiro e outros materiais ilícitos para Portugal. A facilidade com que conseguem vistos levanta suspeitas sobre um possível apoio institucional.

Viva seguros

Esta empresa seguradora é descrita como uma peça central nas operações de lavagem de dinheiro, com cantores ligados ao Grupo Clé sendo promovidos como ‘rostos’ para mascarar as actividades ilegais. Um correc-tor da empresa estaria ainda ligado ao marido da ministra num caso de desvio de 7 bi-liões de kwanzas da Administração Geral Tributária (AGT). A teia de Nelson Wilians, que tanto impressionou os gêmeos, agora pare-ce ser parte de uma rede de fraude que se estende por diferentes continentes.

A investigação sobre as conexões de Nelson Wilians em Angola é crucial para proteger a integridade das instituições do país e revelar a verdadeira extensão deste perigoso triângulo da corrupção.

Cabecilhas do esquema em Moçambique

Em Moçambique, uma análise recente do portal Moze Leaks, dá pistas sobre os bastidores de negócios que redesenham o poder dos negócios milionários da era do presidente Daniel Chapo. Cantoná, Dalsucos & Companhia são os rostos visíveis da trama

Durante décadas, Moçambi-que tem enfrentado ciclos de captura institucional, on-de figuras periféricas se tornam centrais, não por méri-to, mas por influência. Nesta nova governação surge uma nova geração de tentáculos do poder informal-encabeçada por Alcides Viegas Chihono, mais conhe-cido por Cantoná, & Ingilo Dalsuco Companhia – que ameaçam transformaro Estado num balcão de favores e chantagens. Num país onde os fantasmas do passado ainda pairam sobre os corredores do poder, emerge uma nova figura que, à semelhan-ça dos velhos estivadores transformadosem magnatas, ascende das margens do anoni-mato para o epicentro das decisões estratégicas. Chamemos-lhe apenas por Canto-ná: um cidadãos outrora pacato, jogador de ocasião, hoje convertido num lobista de peso e alegado ponta-de-lança das negociatas do circulo informal que gravita em torno do Presidente Daniel Chapo.

Sobre o Ingilo Dalsuco, genro do ex-minis-tro das Finanças Manuel Chang, preso nos EUA, e que todo o mundo sabe e já o conhece a origem dos seus fundos e é também tido como grande agiota da praça e decisor dos grandes processos na PGR e na própria presidência.

O mais preocupante não é apenas o seu es-tilo de vida incompatível com qualquer histórico empresarial legítimo, mas sim a for-ma como manipula instituições públicas como se fossem extensões da sua vontade. Nomeações ministeriais, decisões estratégicas, isenções fiscais – tudo parece passar pelo seu crivo, como se fosse um primeiro ministro informal, legitimado não por voto, mas por proximidade ao Presidente da República.

Nos bastidores, afirma-se que “quem está no Governo deve compensar quem o colocou lá”.

* Perigo democrático: A substituição de critérios técnicos por lealdades pessoais a meritocracia e a confiança pública.

* Descredibilização institucional: O acesso irrestrito à Presidência, com livre-transito e uso abusivo do protocolo presidencial, transforma o Palácio num palco de ostentação e favorecimento.

O novo esquema empresarial: Taxa de sobrevivência empresarial

Depois de quase 15 anos de sequestros fisicos desgraçando familias moçambicanas e arrasando a economia, surge uma nova forma de extorsão: o sequestro financeiro. Empresários nacionais e estrangeiros são coagidos a pagar uma “taxa mensal” e uma percentagem nos projectos a serem im-plementados para estes playeres da pesa-da “Cantoná, & Ingilo Dalsuco Companhia”, para operar no pais, “ALEGADAMENTE” para ser canalizado ao Presidente da República. “Queres continuar a viver ou a investir em Moçambique e fazer negócios com protec-ção? Então deves saber que tens um free mensal a canalizar”.

Este tipo de influência paralela não é ape-nas um problema ético. É um risco sistémico. Quando empresários nacionais e estran-geiros são coagidos a pagar “taxas mensais” para operar, sob a promessa de protecção e acesso do mais alto nivel, estamos

Perfil de Cantoná: Da bola ao balcão do poder

*Começou como jogar modesto, depois lobista, hoje empresário de fechada. *Apresenta-se como empreendedor, mas sem histórico financeiro que justifique os sinais exteriores de riqueza: carros de luxo, imóveis e várias províncias, participações sociais em empresas emergentes, e viagens em jatos privados.

* Goza de impunidade e protecção total com ajuda da SERVIN, onde tem amedron-tado os seus Credores ao empresariado na-cional.

Rede de influência: Investimentos, alianças e imunidade

Cantoná controla hoje grandes investi-mentos estrangeiros – nigerianos, angolanos, chineses – em sectores estratégicos como petróleo e gás, minas, finanças e banca. O seu mais recente projecto: Um microbanco com parceiros de reputação duvidosa nos seus países de origem.

*Risco institucional: A origem obscura dos fundos e a ausência de escrutinio podem comprometer a integridade da Presidência.

* Captura regulatória: A Procuradoroa–Geral da República (PGR) é descrita como “domada”, com processos discutidos e encerrados em ambientes privados, sob in-fluência directa de Cantóná e seus aliados.

A PGR, que deveria ser a guardiã da legalidade, é descrita como domada, com processos discutidos em ambientes privados e decisões tomadas fora dos canais formais. O protocolo presidência, a Presidência, por sua vez, são abusados para criar espectáculos de poder e ostenta-ção, descredibilizando o próprio Palácio da República.

*Impacto económico: A imposição de taxas informais afasta investidores sérios e favorece redes informais de enriquecimento ilícito que provavelmente à margem do Presidente.

Risco reputacional: Moçambique pode ser visto como um ambiente de negócios hostil e imprevisível, prejudicando a competitividade regional.

Makamavulo. news

Voltar ao topo