Garimpo de diamantes causa prejuízos em mais de seis mil milhões de dólares

A actividade de extração ilegal de diamantes no país está a causar prejuízos significativos à economia angolana, facto que deixa as autoridades preocupadas, visto que dados de um estudo recente, do ministério de tutela revelou que seis mil milhões de dólares são perdidos anualmente.

A revelação é do Director Nacional dos Recursos Minerais, Paulo Tanganha, que falava recentemente à Rádio Nacional de Angola, em Luanda, tendo sublinhado que esses prejuízos beliscam a imagem de Angola como produtor deste recurso mineral.

“A nível mundial, em termos de produção, estamos em quinto [lugar] porque o Congo Democrático se implantou em Angola, mas nós fizemos um estudo que esta produção registada no lado do Congo são nossas devido ao próprio garimpo. Extraem os nossos diamantes em Angola, são vendidos no Congo e o Congo registra como deles e a estatística mundial olha aquilo como diamante congolês, mas é angolano”, afirmou.

Segundo o responsável, cálculos de estimativas feitas em 2024 indicam que aproximadamente seis mil milhões de dólares é o valor de diamantes que saem no território angolano para o Congo.

O responsável afirmou que o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás está a implementar políticas que visam a inversão do actual quadro do garimpo, tendo sublinhado que a estratégia está a permitir reavivar o interesse de empresas norte-americanas em adquirir as pedras nacionais.

“Só esse valor de 6 mil milhões de dólares de receitas de diamantes que saíram do nosso país de forma ilegal financiam outras economias e talvez outras actividades não muito legais. Isto constitui uma grande ameaça na imagem internacional do nosso país”, disse.

Paulo Tanganha garantiu, no entanto, que a situação deixa o o Ministério dos Recursos Minerais Petróleo e Gás “muito preocupado […] porque corremos o risco de cair na linha vermelha de países produtores de diamantes”.

“Felizmente ultrapassamos o problema de que algumas empresas americanas não compravam o nosso diamante, tanto em conta o histórico e algumas questões relacionadas mesmo com o garimpo, mas com todo o esforço de diplomacia econômica o Ministério, juntamente com ENDIAMA e a Sodiama, trabalharam arduamente e hoje já temos empresas americanas com apetite de comprar nossos diamantes”, reforçou.

Paulo Tangain anunciou, por outro lado, o arranque, ainda este ano, da exploração de Nióbio, colocando o país no leque de países produtores de minerais críticos para transição energética.

“Há perspectiva de iniciar a produção ainda este ano no município de Quilengues, na província da Huíla. Tudo delineado do ponto de vista técnico. A prospecção está concluída, o estudo de viabilidade técnica econômica e financeira, o estudo de impacto ambiental e outros anexos na componente social estão concluídos, o título de exploração mineira também já foi emitido, a empresa já desenvolveu algumas actividades de desenvolvimento mineiro, que consistem na montagem de todos os equipamentos para o início da produção”, assegurou.

O responsável assegurou ainda que a produção piloto já foi feita e permitiu a extração de 40 mil toneladas de Nióbio.

É “a primeira produção de Nióbio no país e em África. Por isso é que nós, do ponto de vista geopolítico, entramos na lista de produtores de metais raros que são considerados críticos para a transição energética”, finalizou o Diretor Nacional dos Recursos Minerais do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Paulo Tanganha.

Correio da Kianda

Voltar ao topo