Líderes da IECA no Bié acusados de venda ilegal de terrenos da Missão de Camundongo

O secretário provincial da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA) no Bié, reverendo Martinho Sonjamba José Diogo, e outros dirigentes estão a ser acusados de se apropriar e vender uma parcela de terra pertencente à Missão Evangélica de Camundongo.

A denúncia foi feita por membros da comunidade local, que alegam que o negócio teria sido realizado com cidadãos de nacionalidade chinesa, contrariando a tradição de que essas terras devem permanecer sob responsabilidade dos naturais de Camundongo.

A Missão de Camundongo foi elevada, em 2022, à categoria de Património Histórico Nacional pelo Ministério da Cultura. No local existem infraestruturas como igreja, hospital, escolas, centros de formação profissional, internatos e sistemas de energia elétrica e água potável, que nos últimos anos beneficiaram de acções de reabilitação no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).

“Uma das autoridades locais, de nome Sachuma, terá doado uma parcela de terra para a construção da Missão Evangélica de Camundongo. Com o tempo, essa terra tornou-se um ponto de referência para a comunidade.

No entanto, o problema é que as terras deixadas para os filhos, amigos e naturais de Camundongo estão supostamente a ser tomadas por líderes da IECA no Bié”, disse uma das fontes.

O ex-governador do Bié, Pereira Alfredo, testemunhou, em 2022, o descerramento da placa que conferiu o estatuto de património à missão, reforçando, na ocasião, que seriam reabilitados mais empreendimentos sociais para melhor servir as populações.

As fontes contactadas afirmam que as regras de posse das terras nem sempre foram documentadas de forma legal, o que tem originado conflitos entre a igreja e os supostos proprietários.

Posição da igreja

Em resposta às acusações, o reverendo Martinho Sonjamba José Diogo negou a venda da parcela de terra e alegou desconhecer qualquer transação envolvendo a missão.

“Camundongo é uma missão afecta à IECA e possui documentos legais, além de ser património nacional. Portanto, não pode ser vendida e ninguém tem autoridade para fazê-lo. Por razões históricas, ninguém ousaria tomar essa decisão, por maior que fosse a necessidade. Qualquer informação a respeito é calúnia e difamação, passível de responsabilidade criminal”, declarou o responsável religioso ao portal Sem Censura.

A Missão Evangélica de Camundongo, situada a mais de 20 quilómetros a sudoeste da cidade do Cuito, província do Bié, foi fundada a 28 de Maio de 1884, por missionários americanos e canadianos, entre os quais Sander e Miller, com o propósito de expandir a pregação do evangelho e promover a formação social e espiritual da população local.

Sem Censura

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