O antigo Primeiro-Ministro Marcolino Moco questiona se Angola deve salvar o país enquanto Estado ou privilegiar a manutenção do poder partidário, defendendo um pacto nacional que garanta eleições livres e justas em 2027 e reformas estruturais para a consolidação do Estado de Direito.
Em análise recente, Moco destacou que, no seio do MPLA, existe hoje um reconhecimento crescente da necessidade de superar o chamado “centralismo democrático”, que historicamente restringiu críticas fora das instâncias partidárias, mesmo quando estas tinham impacto negativo na administração pública e no bem-estar da população.
O ex-governante alerta que ainda persiste, em muitas mentes, a ideia de que “o MPLA é o Povo e o Povo é o MPLA”, transformando o partido numa entidade quase divina, com direito a governar Angola indefinidamente. Tal mentalidade, segundo Moco, reduz o debate político à manutenção do poder em 2027, negligenciando a urgência de corrigir distorções implantadas pelo sistema hiper-presidencialista, que fragiliza instituições e compromete o Estado.
Concordando com o líder da oposição, Adalberto Costa Júnior, sobre a necessidade de cautela na revisão constitucional antes de 2027, Moco propõe um pacto político estruturado em três pontos fundamentais: a criação de instituições eleitorais que assegurem resultados livres, justos e transparentes em 2027, independentemente do vencedor; a promoção de um acto de reconciliação nacional, pré ou pós-eleitoral, de carácter transversal e com linhas mestras definidas, visando prevenir perseguições e conflitos pós-eleitorais; e a definição das linhas mestras para a elaboração de uma nova Constituição, baseada num novo constitucionalismo, a aprovar após as eleições de 2027.
Moco conclui que a repetição destas ideias é necessária até à exaustão, sublinhando que apenas um compromisso político amplo e transversal poderá garantir a estabilidade do país e a confiança dos cidadãos.
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