Advogado do regime não manifesta remorso por mover providência cautelar contra debate eleitoral

O advogado Jonas Cabral, conhecido por ter liderado a providência cautelar mais mediática dos últimos tempos em Angola, criticou duramente a atual gestão da Ordem dos Advogados de Angola (OAA) através de uma mensagem divulgada num grupo de WhatsApp profissional. Na nota, Cabral aponta falhas estratégicas da instituição e questiona o que considera uma crescente perda de prestígio da classe.

O que vemos hoje é uma banalização da nossa instituição”, escreveu Cabral, ao recordar que em momentos anteriores havia mais respeito institucional pelos advogados, não por conivência com o poder, mas pela prudência estratégica dos líderes da Ordem. O jurista mencionou como exemplos positivos os antigos bastonários Salvador Freire “Cachimbombo” e Luís Paulo Monteiro, que, segundo ele, souberam reagir com firmeza e equilíbrio em momentos críticos.

Num tom crítico, Jonas Cabral denuncia que “virou moda a OAA sempre perder em tribunal” e alerta que os sucessivos reveses judiciais podem colocar em risco o estatuto constitucional da Ordem como órgão essencial à administração da justiça. “Será que sou o único preocupado com os chumbos sucessivos da OAA?”, questiona.

O advogado também aponta a existência de corrupção no seio da magistratura, afirmando que colegas seus — inclusive alguns que agora o criticam — participam de práticas ilícitas, como “telefonemas secretos” a juízes e procuradores e pagamentos encobertos. Sem citar nomes, Cabral acusa certos membros da OAA de buscarem apenas visibilidade pessoal e de se esconderem atrás de organizações sem fins lucrativos para fins de autopromoção.

A crítica estende-se à forma como são organizados eventos e iniciativas dentro da Ordem, sem consulta prévia aos conselhos provinciais nem clareza nos critérios de seleção dos participantes. “Pensamentos de alguns não podem trazer consequências aos outros”, alertou, pedindo uma gestão mais inclusiva e transparente.

Por fim, Jonas Cabral apelou aos colegas, especialmente os mais novos, para que se mantenham vigilantes e analisem as suas palavras com “espírito crítico”. “A OAA deve ser mais inclusiva e não monopolizada. Estamos atentos”, concluiu.

A mensagem gerou intensa repercussão entre advogados e operadores da justiça, reabrindo o debate sobre o papel e o posicionamento da Ordem num momento em que a sua atuação tem sido amplamente escrutinada pela sociedade civil.

Club-K 

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